Em uma visita concorrida, o vice-presidente Michel Temer no exercício da Presidência da República conheceu nesta quinta-feira as instalações do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron) numa brigada do Exército em Dourados, Mato Grosso do Sul. A rápida visita foi acompanhada por 60 profissionais de imprensa de 19 veículos de comunicação, números que raramente são registrados em eventos nos quais a autoridade principal é o vice-presidente. Políticos do Estado, especialmente do PMDB e do PSDB, também correram para participar da visita.
Em entrevista aos jornalistas, cercado por políticos e militares, Temer fez discurso de aliado da presidente Dilma Rousseff e minimizou a crise política vivida no País sem disfarçar a vaidade e a satisfação de ser o centro das atenções do evento. A uma pergunta sobre se o PMDB poderia abandonar o barco, numa referência a uma eventual saída do partido do governo, Temer respondeu rápido: "Não há barco, estamos na mesma canoa", disse com leve sorriso e em tom descontraído.
Temer disse que até hoje pela manhã não estava certo se os ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e da Comunicação Social, Edinho Silva, seriam convocados para depor na CPI da Petrobras, conduzida na Câmara dos Deputados. "Eu não sei se serão convocados", disse. O vice-presidente ressaltou, no entanto, que o "governo adotará transparência absoluta" em torno dos desdobramentos da citação dos nomes de Mercadante e Edinho pelo dono da UTC, Ricardo Pessoa, em processo de delação premiada.
Michel Temer ainda destacou que ele e o partido vão estar sempre ao lado de Dilma. "A presidente vai continuar até o final com toda tranquilidade. O PDMB é um aliado, eu sou do partido, que naturalmente está colaborando com a presidente Dilma e o País", afirmou.
Oficiais militares que participaram do evento e mostraram as instalações do Sisfron para Temer reclamavam, em conversas reservadas com jornalistas, do contingenciamento orçamentário determinado pela equipe econômica, que atingiu as Forças Armadas e especialmente o programa de monitoramento das fronteiras. Dos R$ 12 bilhões previstos para orçamento do sistema, foram executados até agora R$ 1,4 bilhão em quatro anos de programa.
O comandante militar do Oeste, general de Exército Paulo Humberto, minimizou o problema. Ele disse que as metas do programa continuam em vigor. "O corte impacta, mas foi apenas neste ano. Cortamos apenas gorduras que podemos perder". Teoricamente o contingenciamento deste ano aumentaria a previsão da conclusão dos investimentos para mais cinco anos. O general, porém, ressalta que o programa passou por revisões e ajustes que garantem a manutenção do prazo de conclusão, que é 2021.