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Estado de Minas

PT 'rifa' ministro da Justiça para poupar Dirceu e Mercadante

Partido fecha acordo e permite a convocação de Cardozo pela CPI para explicar grampo em cela na PF. Em troca, evita que a comissão chame outros petistas


postado em 10/07/2015 06:00 / atualizado em 10/07/2015 07:01

Relator da CPI, o petista Luiz Sérgio (D) costurou acordo para que o ministro seja ouvido como chefe da PF (foto: Antônio Augusto/Câmara dos Deputados)
Relator da CPI, o petista Luiz Sérgio (D) costurou acordo para que o ministro seja ouvido como chefe da PF (foto: Antônio Augusto/Câmara dos Deputados)

Brasília – Numa estratégia para evitar a convocação do petista José Dirceu e dos ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Edinho Silva (Secretaria de Comunicação Social da Presidência), cujos nomes foram citados em delações premiadas da Operação Lava-Jato, o PT decidiu rifar o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Em acordo com a oposição, o relator da CPI da Petrobras, deputado Luiz Sérgio (PT-SP), incluiu o nome de Cardozo no bloco de 73 requerimentos de convocação aprovado pelo colegiado na manhã de ontem.  Não há data marcada para as oitivas. Elas devem ocorrer a partir de agosto, após o recesso parlamentar.

Uma ala do PT mais ligada ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem se queixado da postura de Cardozo em relação ao que chama de “perda de controle das ações da Polícia Federal”. Nos bastidores, alguns petistas tentam minar o ministro. O acordo para inclui-lo no bloco de requerimentos – que conta ainda com acareações, quebra de sigilos e pedidos de contratos  – foi costurado por Luiz Sérgio e o vice-presidente da CPI, Antônio Imbassay (PSDB-BA).

Havia a possibilidade de o colegiado votar requerimentos separadamente. O primeiro da fila seria o do ex-ministro José Dirceu, justamente por ser um dos pedidos mais antigos. A possibilidade de ser aprovado, se fosse posto em votação, era muito grande, uma vez que o PMDB havia mostrado disposição em apoiar a convocação.

Oficialmente, Cardozo vai à CPI para falar sobre a escuta encontrada na cela do doleiro Alberto Youssef, um dos principais operadores do esquema de corrupção na petroleira. Policiais federais afirmaram aos integrantes da CPI, na semana passada, que o grampo foi colocado sem autorização judicial.

Oposicionistas vão aproveitar a oitiva de Cardozo para aumentar ainda mais a pressão sobre a presidente Dilma Rousseff. A expectativa é de que o ministro sofra um bombardeio de questões sobre o esquema de corrupção e o encontro que teve com advogados de empreiteiras investigadas.

Questionado sobre a convocação de Cardozo, o relator afirmou que não se opôs à ida do ministro. Luiz Sérgio disse ainda ter a convicção de que o titular da Justiça explicará o episódio com “muita firmeza e convicção”. Ele refutou a tese de que a convocação de Cardozo seja motivada por uma retaliação do PT à postura do ministro. À noite, Cardozo afirmou não ver problema na convocação.

Os donos das empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez, Marcelo Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo, respectivamente, também vão ser ouvidos pelos deputados, assim como o policial federal afastado Jayme de Oliveira, o Careca. Ele teria dito que entregou propina na casa do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Habeas corpus Alegando que está sob “iminente ameaça” de prisão na Operação Lava-Jato,  José Dirceu insiste no pedido de habeas corpus preventivo. Depois de ter pedido liminar indeferido, ele entrou com recurso no no Tribunal Regional da 4ª Região.

Novo contrato para investigação

Brasília – O presidente da CPI da Petrobras, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), disse ontem que a Casa fará um novo contrato com a empresa britânica de inteligência Kroll. A mando da CPI, os arapongas ingleses investigam contas bancárias no exterior, nas quais podem ter ido parar recursos desviados do esquema do petrolão. O peemedebista disse não saber ainda qual será o custo do novo contrato com a Kroll. Na primeira fase das investigações, a Casa desembolsou cerca de R$ 1 milhão.

Ontem, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse ter classificado as informações obtidas pela Kroll como “reservadas” para preservar sigilos bancários e fiscais dos investigados. A classificação assinada por Cunha poderá manter esses documentos inacessíveis até 2020. Na CPI, apenas dois aliados de Cunha, Hugo Motta e André Moura (PSC-SE), têm acesso aos documentos. André Moura confirmou ontem à reportagem que as novas informações vindas da Kroll também deverão receber o carimbo de “reservado”, o que garante sigilo por até cinco anos. A atuação da Kroll deverá ser discutida em reunião fechada da CPI, na quarta-feira.

Na primeira fase, entregue em julho, os britânicos identificaram 59 contas bancárias e 33 empresas no exterior que teriam sido usadas para o desvio de dinheiro da Petrobras. Esses bens pertenceriam a 12 pessoas, entre 15 possíveis investigados oferecidos pela Kroll. São essas informações que foram classificadas como “reservadas” por Cunha para ficar em sigilo. (André Shalders)

Valério é condenado

O empresário Marcos Valério, considerado o principal operador do mensalão, foi condenado a quatro anos e oito meses de prisão por omitir informações à Receita Federal sobre valores auferidos em 2003 e 2004, provocando prejuízo de R$ 1,9 milhão aos cofres públicos. O publicitário não conseguiu comprovar a origem do dinheiro que transitou pelas contas dele e da mulher, Renilda de Souza. Valério cumpre pena de 37 anos e cinco meses de prisão em regime fechado pelo esquema do mensalão e deverá recorrer da decisão.


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