Saudado pelos correligionários, o presidente da câmara, Eduardo Cunha, encontrou a comitiva por volta das 10h30, no hotel onde estão hospedados 30 deputados, além do ministro do Turismo, Henrique Alves, e da Secretaria dos Portos, Edinho Araújo. "A visita é para mostrar aos deputados tudo o que o partido tem feito aqui pelo Rio", afirmou.
O objetivo é "aproximar" a base do partido do prefeito Eduardo Paes - citado pelos parlamentares como forte candidato à presidência. Alguns avaliam que o jantar desta noite, com as lideranças do partido, poderia sinalizar uma pré-candidatura. "Ele é jovem, um candidato novo, como o País quer. Mas sempre diz, vamos esperar a olimpíada. É o que faremos", disse o deputado Darcísio Perondi (RS).
No saguão do hotel, os deputados se reuniram em demonstração de unidade, força política e confraternização, em contraste com o tom das articulações sobre a crise política no governo da presidente Dilma Rousseff.
"Há uma crise de confiança no governo, mesmo o presidente Michel Temer tendo dado tranquilidade após assumir a articulação. É um momento de buscar saída para a crise. O ministro Edinho indicou, na linha com que a Dilma precisa agora, que o partido apoie e dê respaldo político ao governo", afirmou o deputado Mauro Pereira, do Rio Grande do Sul.
Nas rodas informais, o tom da articulação era mais duro. "Só se fala na saída dela, está balançando", disse um deputado da bancada do Nordeste. A avaliação é que o governo precisa dar sinais mais concretos de saída da crise, e de que o país "é viável" economicamente.
A situação delicada deve se agravar ainda mais, em agosto, quando novas manifestações estão convocadas e haverá o julgamento das contas do governo pelo Tribunal de Contas da União (TCU). "É uma conjuntura política crucial para o governo", afirmou o deputado.
Apesar das especulações sobre os cenários possíveis em caso de saída da presidente, os deputados indicam que "têm responsabilidade com o País" e que "não há fato concreto" para a saída da presidente. "Seria golpe", disse o deputado Mauro Pereira. "Mas caso haja qualquer fato jurídico que descredencie a titularidade do gestor, o poder legislativo não pode passar a mão na cabeça", completou.
"Existem dois caminhos para a presidente. Ou ela termina o mandato sangrando, como o Sarney, que pelo menos sabia fazer política. Ou é constitucionalmente afastada. O TCU, o Tribunal Superior Eleitoral e o Ministério Público Federal (MPF) estão investigando. Todos estão buscando a 'Elba'", disse Perondi, em alusão ao caso que culminou no impeachment do ex-presidente Fernando Collor..