Todos concordaram com a nota, afirma o presidente da entidade, José Robalinho Cavalcanti.
Segundo Cavalcanti, as propostas apresentadas pelo governo lamentavelmente não atendem às exigências dos tratados internacionais nem da nossa Constituição, porque não tipifica o crime de terrorismo. Ele explicou que a nota técnica, endereçada a parlamentares, tem o objetivo de auxiliar a discussão que deve se dar no Congresso neste segundo semestre.
O governo federal enviou em junho dois projetos de lei com pedido de urgência ao Congresso para que seja tipificada a existência de organização criminosa, além da previsão de punições para quem cometer atos terroristas ou contribuir no financiamento dessa prática criminosa. Para evitar sanções financeiras internacionais, o País se comprometeu a aprovar até outubro uma lei que prevê esse tipo de crime.
Dificuldade
Para os procuradores, um dos principais problemas dos projetos do Executivo é o fato de não haver uma lei específica para tratar de terrorismo, tema caro ao governo. Diante das preocupações de que uma lei antiterrorismo possa enquadrar movimentos sociais e manifestações políticas, o governo decidiu encaminhar um projeto que modifica a lei que trata sobre organizações criminosas, incluindo a definição de organização terrorista. Para Cavalcanti, se o projeto do Executivo for aprovado, haverá dificuldade em combater o terrorismo .
O senador Romero Jucá (PMDB-RR), autor de um projeto de lei no Senado que trata sobre terrorismo, está entre os integrantes do Poder Legislativo que foram procurados. O Brasil não pode ficar sem um projeto como esse, disse o senador. O parlamentar acrescentou ainda que o projeto de sua relatoria deve ser apresentado para apreciação do Senado em agosto. Na nota técnica, a associação de procuradores diz que o projeto de Jucá abrange as exigências necessárias para que o Brasil combata o terrorismo.
Na Câmara, o texto encaminhado pelo governo ainda precisa passar pelo crivo de duas comissões, a de Segurança Pública e de Constituição e Justiça (CCJ). Na primeira, a relatoria é do deputado Alberto Fraga (DEM-DF). Fui procurado porque eles dizem que meu projeto é mais completo, melhor do que o que o governo mandou. Acho que tem muita chance de ser aprovado, afirmou o deputado do DEM, que, além de relator o texto do Executivo na comissão, é autor de outro projeto sobre terrorismo.
O meu (texto) fala em prevenção. Hoje, se você descobre uma célula terrorista preparando um atentado, não há previsão nenhuma de punição. No meu existe, disse Fraga.
O deputado Raul Jungmann (PPS-PE), relator do texto na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, considera o envio do texto pelo governo um avanço, mas diz que, a partir das considerações feitas por diversos setores, é possível melhorá-lo. A previsão é de que texto comece a ser apreciado na Casa em agosto, na volta do recesso do Legislativo..