No inquérito constam como reembolsados pelo erário serviços de assessoria contábil, de advocacia, locação e abastecimento de veículos e manutenção de computadores. Além desses, despesas com gráficas, justificadas como de “divulgação da atividade parlamentar”, também tiveram os valores restituídos. “Apurou-se que os serviços correspondiam a atividades privadas do então parlamentar estadual. Em outros casos, não se conseguiu demonstrar sequer a prestação do serviço que foi reembolsado”, ressalta o texto da ação.
Dos custos com gráfica, o então deputado estadual pediu reembolso de R$ 187.843,30. Desse valor, R$ 84 mil foram pagos a uma empresa que, segundo o inquérito, se encontrava desativada no período citado na justificativa para ter o valor de volta. Em outros casos, a empresa de impressão se encontrava em situação irregular para a emissão de notas fiscais.
Outro gasto apontado pela Procuradoria de Defesa do Patrimônio Público de Belo Horizonte com indícios de irregularidade foi realizado para abastecimento de aeronave.
Segundo o procurador Eduardo Nepomuceno, um dos que assinam o inquérito, a investigação dos atos de Zezé Perrella tiveram início na Procuradoria-geral da República, mas, por se tratar do período de mandato estadual, as denúncias e as investigações foram destinadas à procuradoria na capital. No caso de Perrella, Nepomuceno afirma que o Ministério Público não atua para fazer devassas nos gastos dos parlamentares no exercício do mandato, mas para garantir a legalidade. “A gente não pode fazer devassa (nas contas). A gente atua em cima de situações concretas. Nesse caso foi possível fazer a análise dos gastos e, a partir deles, concluir que houve irregularidades”, comentou.
Sobre as acusações, o senador afirmou que, por enquanto, se trata de uma denúncia e que as provas e esclarecimentos vão ser dados no momento oportuno. Ele ainda afirmou que o inquérito apresentado pela Procuradoria de Defesa do Patrimônio Público é fruto de perseguição do promotor Eduardo Nepomuceno. Apesar disso, Perrella declarou que “todos os gastos realizados no período como deputado foram legais e previstos no regimento da Assembleia Legislativa de Minas Gerais”. O procurador não quis comentar as declarações do parlamentar. O inquérito ainda não teve o mérito julgado e corre em segredo de Justiça, segundo o Fórum Lafayette..