Catta Preta foi convocada na semana passada, num pacote de requerimentos que incluía a oitiva do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e de delegados da Polícia Federal. Os deputados alegam que a defensora precisa explicar a origem do pagamento de seus honorários, já que seus clientes são pessoas que confessaram ter desviado dinheiro público. O depoimento da advogada ainda não foi marcado.
"É uma movimentação que a gente fica sem entender. Na Europa e nos Estados Unidos, dinheiro ilícito é ilícito para qualquer fim. Esse dinheiro não pode servir para pagar advogado", alegou o presidente da CPI.
A OAB argumentou que a ação da CPI foi ilegal e que a advogada não pode quebrar o sigilo profissional. A entidade viu na convocação uma "espantosa ousadia autoritária".
Motta ressaltou que respeita a OAB, mas avaliou que em casos como dos delatores do esquema de corrupção na Petrobras, os acusados deveriam ser defendidos pela Defensoria Pública.
Os parlamentares ficaram incomodados com a ação impetrada pela advogada no Supremo Tribunal Federal (STF) que frustrou a acareação do ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco com o ex-diretor de Serviços Renato Duque e com o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. Os membros da CPI acreditam que o comportamento de Catta Preta é "diferenciado" e atrapalha o andamento dos trabalhos da comissão. "Ela fez de tudo para o Barusco não vir à CPI", reclamou o vice-presidente da comissão, Antonio Imbassahy (BA).
Próximas oitivas
Amanhã, a CPI vai ouvir a viúva do ex-deputado José Janene (PP-PR), Stael Fernanda Janene. No mesmo dia estão marcados os depoimentos de J.W. Kim, da Samsung, e de Shinji Tsuchiya, da Mitsui. Tsuchiya enviou um mensagem à comissão solicitando o reagendamento da oitiva porque ainda está tomando conhecimento da situação da empresa. O executivo alegou que está há um mês no Brasil e que não fala português. Até o momento, Motta ainda não deliberou sobre o pedido do executivo da Mitsui.
A agenda de audiências antes do início do recesso branco será dominada por ministros do governo Dilma Rousseff. Na quarta-feira que vem, será a vez de Cardozo explicar a ação da Polícia Federal nas investigações da Lava-Jato. No dia seguinte, os deputados vão ouvir o Advogado-Geral da União, Luís Inácio Adams, e o ministro da Controladoria-Geral da União, Valdir Simão..