Oposição vai colocar Cardozo sob fogo cruzado na CPI da Petrobras

Convocado para depor na CPI, ministro da Justiça terá que explicar os procedimentos da PF na Operação Lava-Jato e encontros com advogados de acusados. Oposição promete jogo duro

João Valadares
Eduardo Cardozo foi "rifado" para evitar a convocação de outros petistas - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Brasília – A oposição promete ir para cima do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, com o objetivo de fragilizar ainda mais a presidente Dilma Rousseff (PT), que enfrenta a mais grave crise política do seu governo. Ele presta depoimento nesta quarta-feira (15) à tarde. Oficialmente, o petista foi convocado para explicar a instalação, por parte da Polícia Federal, de uma escuta sem autorização da Justiça na cela do doleiro Alberto Youssef, um dos principais operadores do esquema de corrupção na petroleira.

No entanto, entre outros temas, os oposicionistas vão questionar Cardozo sobre encontro, em  fevereiro, entre ele e advogados que defendem  empreiteiros envolvidos no caso. De acordo com publicações do jornal Folha de S. Paulo e da revista Veja, defensores tentavam uma ajuda do governo para soltar executivos da UTC e da Camargo Correa que foram para a cadeia.

No encontro com Sérgio Renault, advogado da UTC, Cardozo teria dito que os rumos da Lava-Jato mudariam radicalmente. O ministro ainda teria orientado o advogado a não fechar um acordo de delação premiada. Na época, por meio de nota oficial, Cardozo reconheceu a reunião com Renault e negou que eles tinham tratado sobre a operação que apura pagamentos de propina no âmbito da estatal. O petista disse ainda que a conversa foi muito rápida e que, como comandante da pasta, tinha a obrigação de receber advogados.

Outro ponto que os oposicionistas vão utilizar para minar o governo é o conteúdo da delação premiada do dono da UTC, Ricardo Pessoa.
Ele afirmou à Justiça Federal e ao Ministério Público Federal que o dinheiro sujo do esquema bilionário de corrupção na petroleira irrigou as campanhas de reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente Dilma no ano passado. Em 2006, segundo relato do empreiteiro, a campanha presidencial petista recebeu R$ 2,4 milhões do esquema que envolvia direcionamento de licitação, pagamento de propina e superfaturamento de obras. Para a campanha de Dilma, o empresário alega que foi repassado R$ 7,5 milhões.

O ministro vai insistir na tese defendida pelo PT e pelo Palácio do Planalto: todos os recursos recebidos pela legenda foram proveniente de doações legais, que contaram com o aval do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).  A convocação partiu de uma estratégia para evitar a ida à CPI do petista José Dirceu e dos ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Edinho Silva (Secretaria de Comunicação Social da Presidência), cujos nomes foram citados em delações premiadas..