Sobrinho, que chegou ao Planalto junto com o ministro, no início de abril, foi apontado pelo dono da construtora UTC, Ricardo Pessoa, em deleção premiada feita no âmbito da Operação Lava-Jato, como responsável por acertar doações de R$ 7,5 milhões para a campanha da presidente Dilma Rousseff, em 2014.
A saída de Sobrinho, que ocupa oficialmente um cargo de confiança (DAS 5), ganhando R$ 11,2 mil por mês desde 19 de maio, foi negada por ele e pelo ministro Edinho Silva. Mas o afastamento dele seria uma estratégia para tentar reduzir a crise e afastá-la do Planalto.
Com a saída de Sobrinho, o ministro seria poupado. Edinho assegurou, no entanto, que o chefe de gabinete "não sai". Disse que seu assessor até "pensou" em deixar a Secom por "problemas pessoais", mas reiterou que ele fica no cargo.
Sobrinho, porém, não estava na segunda-feira no Planalto. As funções dele foram desempenhadas por Alan Ferreira da Silva, que também trabalhou na campanha da presidente Dilma Rousseff.
Sobrinho negou estar de saída da secretaria e disse que hoje estará "trabalhando normalmente". "Isso é intriga", afirmou ele, por telefone, insistindo que "não é verdade" que vá se afastar do cargo. "Nós só colocamos uma pessoa a mais ali na equipe para auxiliar, por conta da demanda", disse, para justificar a chegada de Silva.
O agravamento da crise política que atinge o governo foi objeto de uma nova reunião convocada por Dilma, na noite de domingo, 12, no Palácio da Alvorada.
O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, também foi chamado para o encontro. Dilma costuma tratar das crises políticas diretamente com os ministros do PT, que compõem o "núcleo duro" de seu governo.
Depoimento
Pessoa deve prestar depoimento nesta terça-feira na ação que apura irregularidades na campanha de Dilma em 2014. A expectativa, no entanto, é de que o executivo fique em silêncio até que seja retirado o sigilo do acordo de delação premiada que ele firmou com a Procuradoria-Geral em maio.
A defesa de Pessoa chegou a pedir que o depoimento fosse adiado, mas o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) manteve a agenda por não ter sido comunicado sobre impedimentos previstos no acordo de delação. (Colaboraram Vera Rosa, Talita Fernandes e Beatriz Bulla)
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