Barbosa, que estava fora do governo naquele momento, disse que quando o último relatório bimestral de avaliação de despesas e receitas do ano passado foi feito sem esse contingenciamento e que essa foi a atitude mais prudente naquele momento. O ministro destacou que, no relatório, o governo condicionou a avaliação feita das contas públicas à mudança da meta fiscal pelo Congresso Nacional. Segundo ele, o relatório foi feito de forma transparente e não houve tentativa de influenciar o Congresso de forma errada. Para ele, foi uma atitude "conservadora".
Pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), o governo tem que enviar ao Congresso o relatório de avaliação bimestral. A argumentação do TCU é de que o governo teria que ter revisado as suas projeções no relatório e promovido um corte diante da piora das contas públicas.
O ministro do Planejamento apresentou dados econômicos para sustentar a defesa do governo de que a situação macroeconômica mudou rapidamente no final de 2014 e início de 2015. Na sua avaliação, usar no relatório efeito de medidas que estavam em tramitação no Congresso não era recomendável.
"Não era recomendável contingenciar R$ 28 bilhões faltando um mês e 10 dias para o final do ano", argumentou.
PPA
Ainda durante a audiência pública para explicar as pedaladas fiscais no ano passado, Nelson Barbosa afirmou que o governo está incorporando as indicações do Tribunal de Contas da União (TCU) para a formulação do próximo programa plurianual (PPA) que será entre os anos de 2016 e 2019. "Estamos aperfeiçoando metodologia em especial para o conjunto de indicadores de metas para permitir seleção mais qualificada de indicadores", afirmou Barbosa.
O ministro disse ainda que as prioridades definidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias são compatíveis com o PPA de 2011, como manda a constituição. O dirigente do Planejamento disse ainda que o TCU sempre teve a possibilidade de acompanhar as contas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Jereissati
Enquanto justificava as ações do governo sobre as pedaladas fiscais, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, foi chamado de arrogante pelo senador Tasso Jereissati (PSDB/CE). "Tudo caminhava bem, não adianta vir com essa arrogância", afirmou o senador. O ministro prontamente respondeu afirmando que "não tem arrogância, senador, estou demonstrando os fatos".
Durante sua explanação, Barbosa criticou o TCU ao ressaltar que usar cenários prospectivos não foi uma prática usada apenas no ano passado. Segundo ele, isso já teria acontecido em 2009 e em 2002.
O dirigente do Planejamento afirmou que com a redução da atividade econômica, não era recomendado realizar os abatimentos já que o Projeto de Lei que alterava a meta de superávit primário do governo já havia sido aprovado pela Comissão Mista de Orçamento quando a revisão orçamentária bimestral foi realizada. "Prática de usar cenários prospectivos não é uma coisa nova, isso aconteceu em 2009 quando o governo alterou a meta e em 2002", ponderou Barbosa para justificar o resultado das contas no ano passado..