Não está entre os defeitos da presidente Dilma a desonestidade, diz Cardozo

O ministro negou que tenha participado de encontros sigilosos com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, e com o procurador-geral Rodrigo Janot

- Foto: Valter Campanato/ Agência Brasil

Em depoimento à CPI da Petrobras, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que nenhum fato relacionado a desvio de dinheiro público, corrupção ou improbidade administrativa chegará à presidente Dilma Rousseff. "Conheço a presidente há muitos anos. Toda pessoa tem defeitos. Não está entre os defeitos da presidenta Dilma Rousseff a desonestidade", declarou.

Cardozo disse ainda que são "fantasiosos" os xingamentos da presidente em relação à sua atuação diante da Operação Lava Jato. Para o ministro, os fatos foram inventados por participantes da reunião com Dilma.

Questionado sobre a Operação Politeia, deflagrada ontem contra políticos, Cardozo destacou que a ordem de busca e apreensão partiu da Procuradoria-Geral da República (PGR) e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello. "A operação de ontem não é dirigida pela PF", enfatizou.

Escutas ilegais

À CPI da Petrobras, o ministro afirmou que sindicância sobre o episódio das escutas está sob sigilo e que nem ele tem acesso às investigações do caso. Ele foi questionado sobre a polêmica envolvendo escutas na cela do doleiro Alberto Youssef, personagem central da Operação Lava Jato e preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba.

"Se ficar comprovado que existem escutas ilegais serão estudadas medidas. É ato gravíssimo escuta ilegal, jamais podem ser feitas.
Podem ter absoluta certeza que se ficar comprovado, pouco importando a razão, se a razão era investigar ou outra razão, se estudará medida criminal e instalação de processos administrativos disciplinares. Mas, para isso é necessário que se apure. Caso se comprove (escutas ilegais), havendo comprovação material, seguramente serão tomadas medidas", afirmou Cardozo.

Cardozo afirmou, durante o depoimento, que teve conhecimento do episódio e leu o relato da Polícia Federal sobre o ocorrido. Segundo o ministro, ele estudará medida criminal e disciplinares. "Mas para isso necessário que se apure."

Acordos de leniência

Cardozo disse ainda ser favorável a acordos de leniência e delações premiadas, enquanto "instituto". "Têm de ser bem utilizadas", afirmou.

O ministro negou que tenha participado de encontros sigilosos com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, e com o procurador-geral Rodrigo Janot. "Às vezes a imaginação vai além dos fatos", afirmou.

Cardozo é o primeiro ministro convocado pela CPI da Petrobras para falar sobre o esquema de corrupção. Ele começou seu depoimento nesta quarta-feira explicando que não cabe ao ministro determinar quem será investigado pela Polícia Federal.

A ida do ministro à CPI ocorre um dia após a PF deflagrar a Operação Politeia, que fez buscas e apreensões nas residências de parlamentares investigados no Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de envolvimento com a Operação Lava Jato.

A Politeia foi duramente criticada por parlamentares. Os agentes federais cumpriram mandados de busca e apreensão envolvendo os senadores Fernando Collor (PTB-AL), Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) e Ciro Nogueira (PP-PI) e o deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE), além do ex-ministro das Cidades Mário Negromonte (PP-BA) e o ex-deputado federal João Pizzolatti (PP-SC). As medidas foram requeridas por Rodrigo Janot..