O lobista Julio Camargo, um dos delatores da Operação Lava-Jato, declarou à Justiça Federal que o suposto operador do PMDB no esquema de corrupção da Petrobras, Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, lhe disse que estava sendo pressionado pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, para o pagamento de propina. Os valores da propina teriam saído de compras de navios-sonda. O valor exigido por Cunha, segundo o depoimento, seria de US$ 5 milhões. "Julio, realmente nós estamos com um problema, porque eu estou sendo pressionado violentamente, inclusive, pelo deputado Eduardo Cunha", disse Julio Camargo, atribuindo a frase a Fernando Baiano. Em nota, o presidente da Câmara negou as declarações do lobista. "Desminto com veemência as mentiras do delator e o desafio a prová-las", diz na nota, publicada em sua página no Facebook.
Ainda segundo o lobista, Fernando Baiano disse a ele. "Isso aí vai chegar numa situação muita embaraçosa para mim, mas para você, com certeza vai ser muito mais embaraçosa". Julio Camargo depôs nesta quinta-feira, em Curitiba, na Justiça Federal em uma das ações da Lava-Jato. Ele disse que responde a Fernando Baiano. "Eu falei, bom, eu estaria à disposição para conversar com o deputado Eduardo Cunha explicar o que está acontecendo. Ele falou: Julio, ele não quer conversar com você. Ele quer receber."
Julio Camargo afirmou que se reuniu pessoalmente com Cunha na Base Aérea Santos Dumont, no Rio. "Eu tive outros encontros com ele, mas não sobre esse assunto, tive encontro sobre a Premium". 'O sr. citou que o parlamentar era uma pessoa agressiva', indagaram a Julio Camargo. "Agressivo não no tipo físico. Diria mais sob o ponto de vista verbal, uma pessoa que tenta lhe constranger, lhe colocar a corda no pescoço, no sentido de possuir as ideias".
Ainda na nota, Cunha diz que o delator já fez vários depoimentos, onde não havia confirmado qualquer fato referente a ele. "Após ameaças publicadas em órgãos da imprensa, atribuídas ao Procurador Geral da República, de anular a sua delação caso não mudasse a versão sobre mim, meus advogados protocolaram petição no STF alertando sobre isso", afirma Cunha. O presidente da Câmara considera estranho que, às vésperas da eleição do Procurador Geral da República e do pronunciamento que fará em rede nacional, as "ameaças ao delator tenham conseguido o efeito desejado pelo Procurador Geral da República, ou seja, obrigar o delator a mentir".
Veja o vídeo com o depoimento: