"Eu venho sofrente intimidação perante as minhas filhas, perante minha esposa, por uma CPI coordenada por alguns políticos e que inclusive o nome de um deles foi mencionado aqui por mim", afirmou Youssef.
Em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro - que conduz os processos da Lava Jato - ele atacou Cunha e a CPI.
Youssef foi o primeiro delator a apontar o nome do presidente da Câmara para beneficiário de propina paga pelo lobista Julio Camargo, como representante de estaleiros asiáticos em contratos na Diretoria de Internacional da Petrobras - área controlada pelo PMDB, segundo a Lava Jato.
Os dois contratos de navios-sonda, para exploração de petróleo, teria envolvido o pagamento de US$ 30 milhões em propina para a Diretoria de Internacional. Segundo o esquema desbaratado pela Lava Jato, parte dos valores da corrupção ficavam com o agentes públicos indicados e operadores de propina, e outra parte iam para os políticos e partidos que davam sustentação ao esquema.
Nesta quinta-feira, pela primeira vez, Camargo confessou que foi pressionado pessoalmente por Cunha a pagar US$ 10 milhões em propinas atrasadas, em 2011, das quais US$ 5 milhões eram para o parlamentar.
Réus no mesmo processo sob a guarda do juiz federal Sérgio Moro, Youssef e Moro ligaram Cunha ao pagamento de propina nos contratos de dois navios-sonda fechado em 2006 e 2007, com o ex-diretor de Internacional Nestor Cerveró via Fernando Baiano - ambos ligados ao PMDB.
Youssef afirmou ao ser questionado por seu advogado de defesa afirmu que nunca usou nome de familiares em seus esquemas de lavagem de dinheiro e corrupção. "Nunca na minha vida utilizei nome da minha esposa, ex-esposa, das minhas filhas para que fizesse alguma operação ilítica."
A CPI investiga se Youssef usou familiares para ocultar valores não declarados à Justiça Federal em seu acordo de delação premiada. Nele, o doleiro aceitou devolver aos cofres públicos seu dinheiro ilícito.
O presidente da CPI da Petrobras, deputado federal Hugo Motta (PMDB-PB), negou qualquer intimidação.
"Não existe intimidação, mas sim uma investigação sendo feita com muita responsabilidade pela Câmara dos Deputados", afirmou o presidente da CPI.
"Youssef pelo seu histórico de bandido não tem moral para cobrar nada de ninguém, a CPI está fazendo o seu trabalho investigativo e nada nos tirará o foco.".