"O governo faz tudo para me derrotar", afirmou Cunha em quase uma hora de entrevista na manhã desta sexta-feira, 17,.
Cunha se disse vítima de perseguição do governo em conjunto com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. "A Procuradoria-Geral da República (PGR) escolheu a mim porque mais de um delator me citou", afirmou, reiterando a acusação de que Janot pressionou o lobista Julio Camargo a mudar seu depoimento. Na quinta-feira, 16, Camargo disse que Cunha pediu propina de US$ 5 milhões. A PGR se manifestou em nota na quinta dizendo não ter ingerência sobre os depoimentos à Justiça Federal.
O presidente da Câmara disse lhe causar estranheza o fato de a presidente Dilma Rousseff, o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e o senador Delcídio Amaral (PT-MS) também serem citados por delatores e não serem objeto de inquéritos. "Seletivamente, estão pegando as coisas do senhor Youssef (o doleiro Alberto Youssef) e colocando preferência", disse.
Cunha ainda não foi denunciado pela PGR, mas disse preferir que isso aconteça logo. Para o peemedebista, Janot "está a serviço do governo". Cunha apresentou documentos que, segundo ele, mostram que o governo está atuando no desarquivamento de inquéritos contra ele e promovendo uma "devassa fiscal" em sua vida. "Há aí um ânimo persecutório", afirmou. "É um constrangimento a um chefe de Poder."
"A partir de hoje, me considero com rompimento pessoal com o governo", disse. "Essa lama, eu não vou aceitar estar junto dela", disse Cunha. Ele disse que não conduzirá a presidência da Câmara como palanque, mas admitiu, por exemplo, que autorizará a instalação de CPIs que desgastam o governo, como a do BNDES e a dos fundos de pensão.
Embora negue, Cunha deve promover a convocação de ministros petistas à CPI da Petrobras. Ele negou, porém, estar fazendo uma declaração de guerra ao governo. "Não faço declaração de guerra a ninguém"..