Uma das principais suspeitas recai sobre os carros de luxo do senador, que estão em nome de empresas e não do parlamentar. Dois dos carros luxuosos apreendidos, por exemplo, estão no nome da empresa Água Branca Participações. Com isso, investigadores apontam que Collor sequer pode solicitar a devolução dos veículos à Justiça, pois só os proprietários podem fazer a solicitação, se comprovarem que têm recursos para efetuar a compra.
Investigadores relatam ter bloqueado um quarto carro de luxo na residência do senador, da marca Cadillac, mas deixado o veículo à disposição do parlamentar para uso dele e da família enquanto correm as investigações.
Com três senadores, um deputado, um ex-deputado e um ex-ministro envolvidos nas buscas, procuradores tentaram blindar as medidas de qualquer alegação de nulidade. Os investigadores relatam ainda preocupação com os casos de "camuflagem" de endereços, que foram checados mais de uma vez. Na véspera da realização da Operação, quatro endereços precisaram ser corrigidos ou ampliados.
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) chegou a ser acordado durante a madrugada para autorizar as alterações. Por esse que motivo que mais de um ministro autorizou as buscas e apreensões.
A reação de Collor e do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que criticaram a operação, foi vista com normalidade. Dentro da PGR, investigadores dizem já estarem cientes que, na Lava Jato, "calmaria não vai existir". Mesmo assim, consideram que a Politeia foi realizada sem grandes dificuldades.
A Operação, que envolveu 53 mandados de busca e apreensão em seis Estados e no Distrito Federal, ocorreu durante toda a terça-feira, até o final do dia. As ações tiveram início por volta das 6 da manhã e só terminaram em torno de 21h. Para operacionalizar as buscas, procuradores viraram a noite.
A avaliação de investigadores é de que as buscas no Recife, que envolveram o senador Fernando Bezerra (PSB-PE) e o deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE), "deram muito trabalho e trouxeram pouco retorno". Já outros casos foram mais bem sucedidos, como as buscas ligadas ao senador Ciro Nogueira (PP-PI), na qual há entendimento de que as provas já estão "mais materializadas"..