São Paulo, 17 - No dia em que anunciou o rompimento com o governo da presidente Dilma Rousseff, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou em pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão, na noite desta sexta-feira, 17, que nunca a Câmara trabalhou como agora, que "ainda há muito por fazer" e que é dever da Casa assegurar a governabilidade. "Hoje o Brasil vive uma crise, crise com a qual todos sofrem e que o governo busca enfrentar com medidas de ajuste que a Câmara tem avaliado com critério sempre atenta a governabilidade do País, que é nosso dever assegurar", disse.
Em seu pronunciamento, Cunha lembrou a história da fundação de Brasília, disse que a capital foi inaugurada para os três poderes viverem em harmonia. "Mas quatro anos depois, infelizmente, o Brasil tornou-se uma ditadura e a independência dos poderes acabou", disse. "Só recentemente o Judiciário e o Legislativo recuperaram sua independência e o equilíbrio entre os poderes".
Cunha disse ainda que a Câmara "independente" de hoje é um poder com muito mais iniciativa. "Estamos dando respostas urgentes, a população não aguenta mais esperar", disse. Convocado como justificativa de prestar contas do trabalho da Câmara, Cunha afirmou que são as principais demandas da sociedade que pautam os trabalhos e destacou votações recentes como a redução da maioridade penal e a reforma política. "Nossas pautas beneficiam as pessoas simples", disse.
Em seu balanço, Cunha lembrou a aprovação do fim do fator previdenciário e disse que a medida teve apoio "significativo" de parte das centrais sindicais e foi feita em benefício do trabalhador. Ele citou ainda que a Câmara aprovou o fim da reeleição e a redução das campanhas eleitorais, apesar das pauta ainda não ter sido concluída.
Cunha convidou os brasileiros a acompanharem o trabalho da Câmara e disse que "os problemas do presente não são nossa única tarefa". "Foi o povo que elegeu cada um dos 513 deputados e é para o povo que vamos continuar trabalhando com independência, coragem, responsabilidade e eficiência", afirmou.
Rompimento
Um dia depois que veio a público, o depoimento do lobista Júlio Camargo, que acusa o peemedebista de cobrar US$ 5 milhões em propinas, Cunha anunciou seu rompimento pessoal com o governo. "Eu, como político e deputado do PMDB, e não como presidente da Câmara, vou pregar no congresso do PMDB, em setembro, que o PMDB saia do governo. Eu, pessoalmente, a partir de hoje, me considero com um rompimento pessoal com o governo", disse Cunha, em coletiva.
Em nota divulgada nesta tarde, o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), informou que a bancada do partido na Casa só definirá na volta do recesso parlamentar se acompanha ou não o presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no rompimento com o governo.