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Estado de Minas

Divergência sobre voo de Lula

Empresas se contradizem ao informar quem pagou a viagem do ex-presidente para fazer palestras da Odebrecht no estrangeiro, em um trajeto de ida e volta que custou R$ 650 mil


postado em 18/07/2015 00:12

Eduardo Militão

 

Brasília – A Líder Táxi Aéreo, que transportou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para fazer palestras da Odebrecht no Caribe, afirmou que outra empresa foi quem bancou as despesas do voo. O trajeto de ida e volta de São Paulo aos Estados Unidos, passando por Cuba e República Dominicana, custou R$ 650 mil, em 2013. Segundo a Líder informou ao Ministério Público, a despesa foi paga por uma empresa que, conforme apurou a reportagem, está sediada às margens do Rio Paraupebas, na cidade de mesmo nome no Pará, pertence a um eletricista e tem capital social de menos da metade do valor gasto da viagem. No voo, estava o então diretor da Odebrecht, Alexandrino Alencar, hoje preso na Operação Lava-Jato.

A firma indicada pela empresa de táxi aéreo é a AG Construtora, de capital social de R$ 300 mil. No entanto, a Odebrecht disse ao jornal que quem pagou o voo foi a DAG Construtora, que confirmou a informação. Apesar dos nomes semelhantes, as firmas têm CNPJs, donos e sedes diferentes. A reportagem questionou a Líder Táxi Aéreo por três vezes ontem se ela se equivocou ao indicar uma pequena empresa como financiadora da viagem de Lula. No entanto, se negou a prestar esclarecimentos alegando sigilo profissional de voos de seus clientes.

A AG Construtora foi aberta em 2007 e está registrada num bairro residencial em nome do eletricista Ronildo Gil Guerrieri Couto Junior e de Pedro Alves do Nascimento. A atividade inclui construção grandes empreendimentos, como usinas, refinarias, pontes e túneis, além de barragens, rodovias e poços e até aluguel de veículos sem condutor. Ninguém atendeu aos telefonemas do jornal ou respondeu ao e-mail enviado. Guerrieri recorreu ao Tribunal Regional do Trabalho de Minas Gerais para obter um adicional de periculosidade. Sua advogada, Márcia Efigênia Castro, de Conselheiro Lafayete (MG), estranhou a informação sobre o voo de Lula e disse que o cliente dela não tem perfil de empresário e é apenas um operário que viaja por várias cidades para trabalhar. “Estou atordoada com isso.”

A DAG reafirmou que pagou o voo em duas parcelas e com nota fiscal. O Instituto Lula informou, como é de praxe, que a Odebrecht se encarregou do deslocamento para uma palestra de seu interesse na República Dominicana.

PEDIDO O instituto do ex-presidente abriu nova acusação contra mais um procurador que atuou no inquérito que apura suspeitas de que ele praticou tráfico de influência para beneficiar a Odebrecht em obras no exterior, parte delas bancada com empréstimos subsidiados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Desta vez, o alvo é o procurador Valtan Timbó, que converteu a apuração em procedimento investigatório criminal. Ele foi acionado no Conselho Nacional do Ministério Público. Em maio, Lula fez o mesmo com o procurador Anselmo Lopes, que iniciou o procedimento por meio de uma representação. Pela segunda vez, os advogados de Lula pediram a suspensão da investigação.


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