O relatório da Polícia Federal que indiciou por corrupção, fraude a licitações, organização criminosa e crime contra a ordem econômica o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, e dirigentes ligados à empreiteira classificou como 'intensa' a relação da companhia com o lobista Mário Góes - apontado como operador de propinas na Diretoria de Serviços da Petrobras. A PF identificou pagamentos no Brasil e no exterior. Góes está preso desde fevereiro.
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Médico diz que presidente da Andrade Gutierrez tem 'síndrome de Homocisteína'Justiça revoga prisão de ex-funcionário da Andrade GutierrezExecutivo revela atuação de Fernando Baiano, operador do PMDB, na Andrade GutierrezDefesa de executivos da Andrade Gutierrez entra com habeas corpus no STJPeritos da PF que analisaram possíveis práticas ilícitas na movimentação financeira envolvendo a Riomarine e a Andrade Gutierres afirmaram que foi possível constatar que documentos juntados pela empreiteira ao processo 'não são hábeis para comprovar a efetiva prestação de serviços de consultoria nos anos de 2007 e 2008, revelando que os pagamentos listados foram realizados sem lastro fático e documental adequado'.
Os investigadores apontaram ainda que nas contas de titularidade de Mário Góes e de suas empresas foram realizados saques em espécie de R$ 70 milhões.
"Tal prática é corriqueiramente aplicada em operações voltadas a ocultar ou dissimular os reais beneficiários dos recursos sacados, sobretudo em situações que envolvam o pagamento de vantagens indevidas", afirma o relatório. "Os peritos ainda relacionaram as disponibilidades em espécie por meio de cheques que se seguiram aos depósitos feitos pela Andrade Gutierrez."
Buscas realizadas pela PF em 5 de fevereiro deste ano identificaram notas fiscais e contratos entre a Riomarine e sete empreiteiras do cartel alvo da Lava-Jato (Andrade Gutierrez, Mendes Júnior, MPE, OAS, Odebrecht, Setal e UTC). Os investigadores suspeitam que a Riomarine fosse uma fachada usada para 'esquentar' dinheiro de propina em contratos frios de consultoria.
"A relação entre a Andrade Gutierrez e o operador Mário Góes, auxiliado pelo seu filho Lucélio Góes, resta comprovada. Conforme consta do Laudo 1483-2015- SETEC/SR/PR no ano de 2009 houve diversas transferências da Andrade Gutierrez diretamente para a conta da Riomarine Oil e Gás Empreendimentos LTDA, sendo que muitas dessas transferências podem ser ligadas temporalmente às obras anteriormente mencionadas", diz o documento da PF.
Propina
O delegado Eduardo Mauat apontou ainda para um Relatório de Análise de Material de Informática de peritos da PF. Este documento, segundo Mauat, evidenciaria a 'existência de indícios de pagamento de vantagens ilícitas a Pedro Barusco junto a Phad Corporation pela Zagope Angola Engenharia e Construção, empresa ligada a Andrade Gutierrez'.
Todos os executivos ligados à empreiteira negam participação em cartel e pagamentos ilícitos a Mário Góes e também ao lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, apontado pelos investigadores como operador de propinas do PMDB no esquema. Segundo os dirigentes, Góes e Baiano 'de fato teriam prestado serviços a empreiteira'.
A Andrade Gutierrez informa que a contratação do Sr. Mário Goes, consultor com experiência reconhecida no setor de Óleo e Gás, foi legal e com a prestação de serviço já devidamente esclarecida..