Brasília - O governo Dilma Rousseff vai entregar nesta quarta-feira um documento com mais de mil páginas ao Tribunal de Contas da União, no prazo final dado pela corte para que a presidente esclareça distorções, como as "pedaladas fiscais", indicadas pelos auditores nas contas federais de 2014.
Leia Mais
TCU receberá hoje explicações do governo sobre as pedaladas fiscaisGoverno deixa entrega de defesa sobre pedaladas ao TCU para últimos instantesEm lançamento de plataforma virtual, ministros tentam reforçar agenda positivaMinistro diz ser 'lamentável' que contas não tenham sido analisadas desde CollorUma eventual reprovação seria inédita em 78 anos de análise. A véspera do "dia D" para a presidente foi marcada por ansiedade. Dilma conduziu uma nova rodada de reuniões com ministros e presidentes de bancos públicos no Palácio da Alvorada para decidir o tom da defesa. Uma coletiva à imprensa está agendada para ocorrer na quinta-feira, 23. O governo quer "vencer a batalha de comunicação", segundo uma fonte que participou dos encontros. Como revelou ontem o Estado, a defesa está calcada em comparações com 17 Estados e também com o governo do tucano Fernando Henrique Cardoso.
Dilma sustentará que os atrasos nos repasses do Tesouro Nacional à Caixa Econômica Federal, que precisou usar recursos próprios para continuar pagando em dia programas sociais, não infringiram a Lei de Responsabilidade Fiscal. Além disso, essa prática, chamada de "pedalada fiscal", foi usada também por governadores e vem sendo repetida, de forma pontual, desde 2000, quando o Palácio do Planalto era ocupado por FHC.
Nos anexos, o Planalto deve apresentar tabela que mostra que a Caixa pagou juros ao governo todos os anos, desde 1994, porque recebeu mais recursos da União, não havendo déficit. O governo sustenta que, apesar das pedaladas fiscais, o ano de 2014 terminou com um saldo positivo de repasses do Tesouro, o que forçou a Caixa a pagar R$ 141 milhões em juros.
Uma fonte do tribunal de contas que participará da análise da defesa da presidente afirmou que o "clima" na corte é pela reprovação das contas, por entender que as pedaladas foram ilegais. Segundo a fonte, a tese de que outras autoridades, como governadores ou mesmo o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, tenham recorrido à prática não teria força para reverter uma reprovação, porque o TCU não tinha, até então, feito uma inspeção específica dos repasses do Tesouro aos bancos públicos.
.