São Paulo, 22 - A criminalista Beatriz Catta Preta renunciou à defesa do lobista Julio Camargo, delator do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ela também renunciou à defesa de outros dois delatores da Operação Lava Jato: Pedro Barusco, ex-gerente de Engenharia da Petrobras, e o lobista Augusto Ribeiro de Mendonça. A renúncia foi comunicada pela advogada à Justiça Federal no Paraná por meio de petições protocoladas nos processos em que os três delatores são réus.
Na semana passada, Julio Camargo, em depoimento ao juiz Sérgio Moro, que conduz as ações da Lava Jato, revelou ter sofrido pressão do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para pagar propina de US$ 5 milhões. O valor seria referente a dois contratos de R$ 4 bilhões da estatal para a contratação de navios-sonda.
"Beatriz Catta Preta e Luiz Henrique Vieira, advogados que esta subscrevem, constituídos nos autos do processo em epígrafe e demais procedimentos oriundos da denominada Operação Lava Jato, vem, com fundamento no artigo 5º, § 3º, da Lei nº 8.906/94, manifestar suas renúncias ao mandato que lhe fora outorgado por Pedro José Barusco Filho", comunicou a advogada em uma das petições.
Beatriz Catta Preta foi o artífice da fase mais explosiva da Lava Jato. Sob sua orientação, o primeiro delator, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, revelou o amplo esquema de corrupção que tomou conta de diretorias da estatal. Ele apontou ainda nomes de deputados, senadores e governadores que teriam recebido porcentual de propinas pagas por empreiteiras.
Depois da delação de Costa, a criminalista renunciou à causa, assumida pelo advogado João Mestieri.
No último dia 20, segunda-feira, Beatriz Catta Preta enviou e-mail para os delatores, informando sobre sua decisão. "Prezado Sr. Pedro Jose Barusco Filho, Boa tarde.