São Paulo, 22 - O jornalista José Luiz Datena mescla frases como "eleição armadilha é para idiotas" e "sou um cara movido a desafios" para negar e ao mesmo tempo se posicionar como um possível candidato à prefeitura de São Paulo em 2016.
O apresentador do programa Brasil Urgente, da Rede Bandeirantes, confirma que foi sondado formalmente pelo PSB e que já conversou com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) sobre o assunto. Mas, como fazem quase todos os políticos a um ano e três meses da eleição, nega uma eventual candidatura. E ressalva: "o perigo é deixar a vaidade se afastar da realidade".
Datena confirma que teve uma conversa "muito boa" com o vice-governador Márcio França, presidente estadual do PSB, quando recebeu um convite formal para se filiar ao partido. Uma nova reunião entre o jornalista e o vice-governador está marcada para a semana que vem.
Um dirigente do PSB, entretanto, afirma que na verdade foram dois encontros. Datena teria afirmado que considera o PSB um partido importante, que não carrega máculas como os partidos grandes, e que poderia acolher bem a ideia de construírem juntos uma proposta para São Paulo. Do lado do PSB, dirigentes teriam ficado bem impressionados com a articulação e preparo do jornalista.
O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, disse que o contato com Datena é preliminar e não prejudica as tratativas com a senadora Marta Suplicy (sem partido) que, adiou por duas vezes sua filiação ao partido e admitiu conversas com o PMDB. "O Datena pode até se filiar (ao PSB), mas não pra tirar a candidatura dela (Marta) não", disse. "Sei dessa conversa e não tem problema nenhum no Datena vir para o partido, mas há uma negociação em curso com a Marta que não foi concluída", prosseguiu o dirigente.
Marta está em viagem de férias e ficou de dar uma resposta mais clara ao PSB quando retornar, na semana que vem.
Questionado se o convite feito pelo PSB era um recado à senadora Marta Suplicy (sem partido), Datena diz apenas que "as pessoas não precisam temer antes do tempo".
Outros
O apresentador disse ainda que foi "sondado por outros políticos", sem dar nomes. "Esses caras ainda vão ter que se coçar muito", disse, referindo-se a um possível convencimento. "Quero que me convençam que sou necessário e importante. Até agora não fui convencido."
Sobre a conversa que teve com Alckmin, Datena relata que o governador falou sobre as agruras de um candidato e não fez qualquer convite. "Foi no Palácio dos Bandeirantes, logo após a morte de Thomaz (filho do governador, morto em um acidente de helicóptero em 1º de abril). Conversamos por umas duas horas no Palácio (dos Bandeirantes) sobre o que tinha acontecido e uns dez minutos sobre a vida política. Ele me disse 'se você entrar num negócio desse não tem nada a ganhar, só a perder", disse.
Datena nega intenção de se candidatar, mas seu discurso indica o contrário.
O jornalista também já ensaia ataque ao prefeito Fernando Haddad (PT), com quem concorreria caso se decidisse pela candidatura. "Não sou mole como o Haddad, que diz que é amigo do Lula mas que tem falado pouco com ele. Eu também sou amigo do Lula e falo pouco com ele, mas não esqueço a gratidão que tenho por ele", disse o apresentador, lembrando que, quando foi submetido a uma delicada operação no pâncreas, a primeira ligação que recebeu foi do então presidente da República.
Apesar de afirmar que "jamais ficaria contra o Lula", Datena não poupa o ex-presidente. "Fiquei triste quando Lula apertou a mão do (deputado federal do PP, Paulo) Maluf para eleger o Haddad", disse, descartando uma eventual filiação ao PP.
O vice governador e presidente estadual do PSB, Márcio França, não foi localizado pela reportagem para falar sobre o convite feito a Datena para ele se filiar ao seu partido..