Brasília - Ex-auxiliar de um governo estadual do PSDB e eleitor do atual chefe do Ministério Público Federal, Rodrigo Janot, o subprocurador-geral da República Eitel Santiago afirmou na quarta-feira, 22, que ofereceria denúncia criminal contra qualquer autoridade, incluindo políticos investigados na Operação Lava Jato, caso venha a assumir interinamente a chefia do Ministério Público Federal. Como vice-presidente do Conselho Superior do Ministério Público Federal, Santiago é quem, por lei, poderia comandar a instituição até a escolha do novo procurador-geral.
Santiago diz que a função do interino é "tomar conta" da instituição e que não há possibilidade de "segurar" qualquer apuração porque a sociedade "fiscaliza muito". "Só não vou deixar de dormir seis horas por dia, porque a interinidade mata o velho."
Janot é o favorito para vencer a disputa interna feita pela Associação Nacional dos Procuradores da República, marcada para 5 de agosto. Se ficar em primeiro na lista tríplice da categoria, a presidente Dilma Rousseff deve indicá-lo para um novo mandato de dois anos. Há um receio de que a indicação de Dilma e a aprovação do nome pelo Senado ultrapassem o dia 17 de setembro, último dia de trabalho de Janot à frente da Procuradoria, o que levaria Santiago a assumir temporariamente até a escolha. Nas três indicações mais recentes, interinos assumiram.
O subprocurador disse que, se assumir o cargo, dará continuidade às investigações, uma vez que o Ministério Público tem uma "certa unidade de atuação". Com 59 anos, Santiago está no Ministério Público desde outubro de 1984 - ele ingressou na carreira junto com Janot, de quem se diz amigo. Foi secretário de Segurança Pública de Cássio Cunha Lima (PSDB) entre 2007 e 2009 no governo na Paraíba, e deixou o cargo após a cassação do tucano.
Dos três votos permitidos para cada integrante do Ministério Público na eleição interna, Santiago diz que um deles vai para Janot, que concorre com Carlos Frederico Santos, Mario Luiz Bonsaglia e Raquel Dodge. Santiago disse não acreditar que o Senado vá rejeitar Janot ou qualquer outro indicado. O risco do atual procurador-geral ser barrado pela Casa cresceu após buscas e apreensões em residências de senadores na Operação Politeia, da Lava-Jato.