A ex-candidata presidencial Marina Silva disse na noite desta quinta-feira que a crise política, agravada com a ruptura do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com o governo, é fruto do sistema político no País. "Isso é resultado do que é esse presidencialismo que era de coalizão e que, agora, virou um verdadeiro presidencialismo de confusão", afirmou, após participar de um evento na capital paulista.
Leia Mais
Presidente do TCU nomeou concunhado de filho para cargo no tribunalDeputado Celso Pansera nega ser 'pau-mandado' de Eduardo CunhaEm pleno recesso, Cunha tira fotos com turistas que visitam a CâmaraDilma e Cunha têm primeiro encontro no Planalto depois de rompimento Líder do PT no Senado diz que Congresso tem de ajudar País a superar criseMarina Silva diz que ajuste fiscal não é mágicaA ex-presidenciável, ainda filiada ao PSB e no processo de criação de sua Rede Sustentabilidade, voltou a reclamar do processo eleitoral do ano passado e de como Dilma Rousseff venceu com uma proposta de "mentiras". "Não se sacrifica o destino de uma nação para ganhar uma eleição", afirmou.
Marina atribui ao uso de mentiras da campanha da sua então adversária o alto número de pessoas que hoje defendem o afastamento da presidente - pesquisa CNT/MDA divulgada na terça-feira, 21, mostrou que 62,8% da população é favorável ao impeachment de Dilma. "As pessoas se elegem com uma promessa e, em seguida, mudam o que prometeram da água pro vinho. É claro que há uma insatisfação da sociedade."
Ela destacou que esse quadro deve ser tomado como lição e que o País deve aprender a exigir plataformas e programas eleitorais claros dos candidatos. "A gente precisa aprender com tudo isso, não se pode ganhar uma eleição para um País como o nosso sem um programa de governo, com um cheque em branco para depois se fazer o que quiser", ponderou.
Lava-Jato
Marina repetiu considerar que o Brasil passa por "um momento muito difícil", mas preferiu não falar diretamente sobre sua posição em relação a um eventual pedido de afastamento da presidente. Sobre a Lava-Jato, disse que "é preciso dar todo apoio às investigações", que devem ser feitas com autonomia para os trabalhos da Polícia Federal e do Ministério Público, além do Tribunal de Contas da União - em referência ao julgamento das contas do governo Dilma em 2014 e do uso das chamadas pedaladas fiscais.
"Não é uma questão de instrumentalizar a crise, é como a gente de fato faz para de fato resolvê-la, indo a fundo nas investigações, punindo os culpados e fazendo o necessário para tirar o País do fundo do poço, como estamos,do ponto de vista político, econômico, moral, ético. Esse é o esforço que precisa ser feito, olhando para crise no mérito da crise e não no sentido de qual é a vantagem que tiro dela.".