Jornal Estado de Minas

MPF denuncia presidentes de empreiteiras por corrupção na Petrobras

O Ministério Público Federal denunciou, nesta sexta-feira, criminalmente os presidentes das construtoras Norberto Odebrecht e Andrade Gutierrez, que estão entre as maiores do país. A denúncia inclui também outras 20 pessoas, entre elas executivos das duas empreiteiras, um funcionário da Petrobras e operadores de propina no esquema de corrupção na estatal.

Eles são acusados de organização criminosa, de corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia do MPF será analisada pelo juiz federal Sérgio Moro, que decidirá se vai acatar ou não o pedido e abrir processo contra acusados. Os denunciados estão presos preventivamente desde o dia 19 de junho, quando foi deflagrada a 14ª etapa da Operação Lava-Jato.

Moro decretou nesta sexta-feira nova prisão preventiva, após receber do MPF os documentos enviados por autoridades da Suíça com dados de contas de pelo menos 10 offshores que seriam usadas pela Odebrecht para pagar propina para ex-dirigentes da Petrobrás. Foram rastreados US$ 11 milhões pagos pela Odebrecht e empresas do grupo para contas fora do Brasil que posteriormente teriam ido parar nas contas mantidas por pelo menos cinco ex-diretores da estatal, nesses países.

 

Frentes O MPF pede que o presidente da Odebrecht responda em pelo menos seis frentes de acusações. Pesam sobre o presidente da Odebrecht e seus executivos e ex-executivos indícios de crimes: nos contratos de obras de construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj); nas obras da Sede da Petrobras em Vitória (ES); nos contratos de compra de nafta pela petroquímica Braskem (controlada pela empreiteira em sociedade com a estatal); nos contratos de navios-sonda para exploração de petróleo em alto mar, com a empresa Sete Brasil (criada pela Petrobras); pelo uso de doleiros e offshores, em operações de dólar-cabo e movimentações em contas secretas; e por obstaculização e estratégia de confronto às investigações da Lava-Jato.

Na última segunda-feira, em relatório feito pelo delegado da Polícia Federal Eduardo Mauat da Silva - um dos coordenadores da Lava-Jato - Odebrecht e os dirigentes Rogério Santos de Araújo, Alexandrino de Salles de Alencar, Márcio Faria da Silva, Cesar Ramos Rocha foram indiciados. O agente público da Petrobras Celso Araripe de Oliveira e os executivos Eduardo de Oliveira Freitas Filho e João Antonio Bernardi Filho (ex-executivo da empreiteira) também foram indiciados. O relatório foi submetido ao MPF para eventual oferecimento de denúncia contra Odebrecht e os outros indiciados.

O delegado representou, "com base nos elementos existentes neste caderno investigatório e sumariamente trazidos nesta oportunidade, pela manutenção da prisão preventiva dos investigados (…) face a necessária garantia da ordem pública e por conveniência da instrução criminal tanto em face a potencial continuidade delitiva como pela influência negativa que soltos poderiam promover quanto as apurações ainda em curso".

A PF sustenta ter encontrado indícios de que o presidente da Odebrecht lançou mão de uma estratégia de confrontar as investigações da Operação Lava-Jato, buscando criar "obstáculos" e "cortinas de fumaça", que contava com "policiais federais dissidentes", dupla postura perante a opinião pública, apoio estratégico de entidades de classe, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e ataques às apurações internas da Petrobras. "O material trazido aos autos aponta para o seu conhecimento e participação direta nas condutas atribuídas aos demais investigados, tendo buscado, segundo se depreende, obstaculizar as investigações", informa o delegado da Lava-Jato.

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