Jornal Estado de Minas

'Lava-Jato é um suspiro de esperança', diz procurador

O procurador da República Deltan Dallagnol, que integra a força-tarefa da Operação Lava-Jato, disse que a investigação sobre o esquema de corrupção na Petrobras envolvendo cartel de empreiteiras "não tem espaço para teoria da conspiração". Ele fulminou ponto a ponto a versão da Odebrecht, a maior empreiteira do País, cujo presidente, Marcelo Bahia Odebrecht, foi preso dia 19 de junho e nesta sexta-feira foi denunciado formalmente por corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

"Nos aproximamos da verdade por meio de provas e documentos", disse o procurador, em alusão aos extratos bancários enviados pela Suíça que, segundo o Ministério Público Federal, comprovam que a Odebrecht pagou propinas 'em valores elevados' no exterior a ex-diretores da estatal petrolífera.

Em comunicado publicado logo após a prisão de seu presidente e de quatro executivos, a Odebrecht afirmou que jamais fez pagamentos ilícitos e que nunca participou do cartel na Petrobras. "Não existe espaço na nossa investigação para teoria da conspiração", disse Deltan Dallagnol.

Ele disse que os investigadores da Lava-Jato "têm um sonho". "Temos um sonho que compartilhamos com a sociedade, que todos sejam tratados de modo igual perante a lei. É um suspiro de esperança, um suspiro republicano. Se queremos que esse suspiro se torne história precisamos das 10 medidas contra a corrupção propostas pelo Ministério Público Federal", disse, em referência ao pacote de sugestões feitas pela instituição no curso da Lava-Jato.

"O nosso compromisso é que as investigações não param aqui. Vamos fazer todo o possível para apurar todos os crimes e punir todos os criminosos", declarou Deltan Dallagnol.

O delegado da Polícia Federal Eduardo Mauat da Silva disse que o embate da Lava-Jato "é profissional e técnico, embate de ideias, trabalho na técnica".

"Esperamos que a operação (Lava-Jato) não seja mais uma em que as pessoas são presas, condenadas e o dinheiro recuperado, mas não haja mudança da mentalidade."

Mauat disse que neste caso "não existem vilões e mocinhos, mas partícipes, cada um com sua responsabilidade"..