Jornal Estado de Minas

"Não adianta martelar uma mentira mil vezes", diz procurador sobre Odebrecht

O procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, da força-tarefa da Operação Lava-Jato, mandou um recado à empreiteira Odebrecht, que teve seu presidente, Marcelo Bahia Odebrecht e sua cúpula formalmente denunciados nesta sexta-feira. O procurador afirmou que a verdade vai aparecer no processo.

"Não adianta martelar uma mentira mil vezes, o Ministério Público Federal, a Polícia Federal e a Receita Federal vão mostrar que é mentira. A verdade foi trazida hoje (durante o oferecimento da denúncia) através de uma série documentos. Se é uma estratégia continuar mentindo ela vai ser rebatida em todas as fases do processo até o julgamento final. Não adianta martelar mentira mil vezes. A verdade vai aparecer no processo, conforme as regras legais", disse ele.

A Odebrecht, maior empreiteira do país, tem reiterado taxativamente, durante meses, por meio de notas e comunicados à imprensa, que nunca participou do esquema de corrupção e propina na Petrobras. A companhia também nega depósitos para ex-funcionários da Petrobras.

Em 22 de junho, três dias após a prisão de sua cúpula, a Odebrecht publicou um comunicado nos principais jornais do País. Na ocasião, o grupo considerou uma afronta aos princípios básicos do Estado de Direito o decreto de prisão de Marcelo Odebrecht - alvo da 14ª fase da Lava-Jato.

"Em relação às empreiteiras, desde o início, o Ministério Público Federal teve a intenção de se aproximar delas, permitindo que elas realizassem investigações internas e levantassem os dados de ocorrência de ilícitos internamente e nos trouxessem esses fatos, como hoje se exige de qualquer empresa moderna, em qualquer lugar do mundo.
Entretanto, isso não aconteceu. Aconteceu parcialmente em relação à Camargo Corrêa. Em relação às demais, não", disse o procurador.

Carlos Fernando dos Santos Lima explicou.:"Especialmente, em relação à Odebrecht, nós verificamos uma atitude de negação, que vem desde o começo das investigações. Hoje, nós sabemos porque se nega e porque não foi feito nenhum trabalho interno de investigação. Porque a investigação atingiria os altos escalões da Odebrecht. Não era algo feito a níveis inferiores da instituição, mas sim no alto escalão, tanto que nós estamos fazendo uma denúncia, hoje, contra os dirigentes."
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