São Paulo, 24 - A advogada do grupo Odebrecht e da Construtora Norberto Odebrecht (CNO), Dora Cavalcanti, disse que hoje é o marco zero do processo de defesa de Marcelo Bahia Odebrecht e outros executivos da empresa presos, já que pela primeira vez poderão fazer a defesa de seus clientes com base em uma denúncia concreta.
"A partir desse momento se inicia o trabalho da defesa. Até agora havia uma investigação, com prisão de pessoas e não há normalidade na forma que a Lava Jato vem sendo conduzida", disse Dora em entrevista com a imprensa.
A advogada informou que ela e sua equipe tomaram conhecimento da denúncia do Ministério Público Federal feita hoje durante a entrevista do órgão, transmitida pela televisão, e que, portanto, não tinham subsídios para se aprofundar sobre o assunto.
Os advogados da empresa presentes na coletiva de imprensa convocada para este final de tarde criticaram a conduta do MPF e a qualidade das acusações, que, de acordo com eles, estão baseadas em "suposições" e não em acusações concretas.
"Nada do que foi dito no MP federal contribuiu para justificar a prisão ilegal e que merece ser revogada das pessoas que estão lá", disse Dora. Segundo ela, a defesa tem expectativa de parar de ser surpreendida e poder trabalhar de forma técnica, dentro dos autos do processo. A advogada reiterou suas críticas à prisão de Marcelo Odebrecht, presidente do grupo, e de outros executivos, dizendo que a conduta está fora do padrão de igualdade e que viola o direito de presunção de inocência.
Dora criticou as acusações feitas a partir de mensagens de Marcelo Odebrecht, presidente da empresa, contendo siglas. Segundo ela, em uma delas a menção "vaca" trata-se de uma referência a um gado adquirido e não ao ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.
Em relação à renovação do pedido de prisão preventiva dos executivos pelo juiz Sergio Moro, Dora disse que o pedido de habeas corpus será mantido e que acredita na libertação dos réus. Ela afirmou ainda que tem certeza de que as prisões serão revogadas..