Brasília – Afinados com Eduardo Cunha (PMDB-RJ) desde que ele derrotou o governo Dilma Rousseff e o PT e assumiu a presidência da Câmara, em fevereiro, os partidos de oposição adotaram nos últimos dias, em sua quase totalidade, uma posição crítica ou de distanciamento cautelar em relação ao peemedebista. A notícia de que o lobista Júlio Camargo agora acusa Cunha de ter recebido US$ 5 milhões em propina e os rumores da iminente denúncia que será feita contra ele pela Procuradoria-Geral da República levaram os principais adversários da presidente Dilma a evitar abordar o tema, à espera dos desdobramentos.
No depoimento que prestou espontaneamente à CPI da Petrobras, em 12 de março, Cunha foi defendido de forma quase unânime, até por integrantes do PT. Na ocasião, PSDB, DEM, PSB e Solidariedade manifestaram crença em sua inocência. Os outros dois oposicionistas, PPS e Psol, embora não tenham passado um “cheque em branco”, não o criticaram.
DERROTAS A dobradinha Cunha-oposição foi a principal responsável pelas sucessivas derrotas de Dilma Rousseff no plenário da Câmara. Após a notícia da suposta propina de US$ 5 milhões, a defesa pública de Cunha na oposição ruiu. À exceção do Solidariedade, os demais oposicionistas ou pedem o seu afastamento do comando da Câmara (PPS e PSOL) ou usam o discurso de que tudo deve ser investigado.
Na sessão de março, o PSDB foi um dos mais efusivos na defesa de Cunha. “Se o Sr. (Júlio) Camargo não confirma isso em sua delação, é mais um ponto favorável. (...) Na minha concepção, Vossa Excelência não perde, em momento algum, a autoridade que tem para presidir esta Casa”, disse o líder da bancada tucana, Carlos Sampaio (SP). O líder da bancada do PT, Sibá Machado (AC), se juntou ao coro: “Presidente Eduardo Cunha, confio nas suas palavras”, afirmou o petista. Para o líder da bancada do DEM, Mendonça Filho (PE), Cunha não pode nem “ser condenado antecipadamente”, nem ser “simplesmente blindado e não investigado”. Ele diz, porém, não ver razão para afastamento do cargo.