Brasília – Presos desde 19 de junho na superintendência da Polícia Federal em Curitiba, os presidentes da Odebrecht e da Andrade Gutierrez, Marcelo Odebrecht e Otávio de Azevedo, foram transferidos na manhã de ontem para o Complexo Médico-Penal, em Pinhais, na região metropolitana da capital paranaense. A operação foi feita por volta das 10h30 em uma van, acompanhada por escolta policial a fim de garantir a segurança. Além de Marcelo Odebrecht e Otávio Azevedo, foram transferidos cinco executivos ligados à Odebrecht – Alexandrino de Salles Ramos de Alencar, César Ramos Rocha, João Antônio Bernardi Filho, Márcio Faria da Silva e Rogério de Araújo – e Elton Negrão de Azevedo Júnior, da Andrade Gutierrez. Os oito empreiteiros foram detidos, em caráter temporário, durante a 14ª fase da Operação Lava-Jato, que investiga esquema de desvio de dinheiro da Petrobras para o pagamento de propinas.
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Destituição de Eduardo Cunha está na pauta do PT mineiroHá quase 70 anos, costureira de BH confecciona togas usadas por juízes de todo paísPartidos de oposição adotam postura crítica ou de distanciamento em relação a CunhaGoverno repete manobra considerada irregular pelo TCUCom apoio da Suíça, Lava Jato avança sobre núcleo político e setor elétricoIgrejas querem direito de ajuizar ações no SupremoHelvécio Magalhães assume mais funções no governo de MinasDe acordo com o diretor-geral do Complexo, Marcos Muller, todos passaram pela revista e nenhum deles está machucado. Os oito ficarão alojados em três celas na ala especial e continuarão juntos, a princípio. “Vamos manter a mesma divisão em que estavam na superintendência da Polícia Federal para se ambientarem até segunda-feira pelo menos”, afirmou Muller.
Com a mudança para o complexo médico, os presos terão algumas mudanças na rotina. A pior delas é em relação à comida.
Outra diferença é em relação às visitas, agora feitas às sexta-feira, das 14h às 16h. Na sede da PF, os presos só podem tocar nos visitantes nos encontros que ocorrem na última quarta-feira do mês. Os demais contatos semanais, também às quartas, são no parlatório, onde os presos são separados por um vidro, com duração de aproximadamente 20 minutos.
O complexo abriga outros oito envolvidos na Lava-Jato.
DENÚNCIA Os empreiteiros foram denunciados formalmente pelo Ministério Público Federal na sexta-feira por corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Os procuradores da Operação Lava-Jato pediram à 13ª Vara Federal de Curitiba que eles, e outros 20 réus, sejam condenados a pagar R$ 7,25 bilhões em ressarcimento pelos danos causados à Petrobras com o esquema de desvio de dinheiro para propinas. Os executivos negam qualquer envolvimento nos crimes. Também na sexta-feira, a Justiça Federal do Paraná decretou nova prisão preventiva de Marcelo Odebrecht e outros quatro executivos. Moro alegou que a empresa dispõe dos meios para “interferir de várias maneiras na coleta da provas, seja pressionando testemunhas, seja buscando interferência política”.
Segundo o Ministério Público Federal, foram 223 atos de corrupção e outros 242 de branqueamento de capitais. Tudo para, segundo a Polícia Federal e a Procuradoria, garantir contratos com a Petrobras. As propinas eram destinadas a políticos, partidos e funcionários da Petrobras.