Brasília - O Palácio do Planalto deflagra nesta semana um movimento em busca de apoio para tentar dissipar a crise e garantir fôlego político à presidente Dilma Rousseff. Um dos principais pontos dessa estratégia é a aproximação com os governadores. Em conversas reservadas, ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) admitem que a possível rejeição do balanço de 2014 apresentado por Dilma preocupa não apenas a Presidência, mas também os Estados.
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Dilma reúne governadores para recuperar credibilidadeContas de governos na lista de prioridade na volta do recesso parlamentarImpeachment volta para a agenda parlamentarCardozo diz não acreditar que houve crime do governo com pedaladas TCU avalia nova "pedalada" do governo federal no FiesPGR pede que investigação de Ministro do TCU sobre crime eleitoral prossigaDilma reúne coordenação política antes de encontro com governadoresPreocupação de governadores com contas públicas ajudará diálogo com DilmaCiente das dificuldades dos Estados, o Planalto espera contar com o apoio dos governadores. Um levantamento produzido pelo Planalto mostra que ao menos 17 governadores praticaram, em maior ou menor grau, operações idênticas às manobras no Orçamento conhecidas como "pedaladas fiscais", atrasando repasses de recursos a bancos públicos para conseguir cumprir programas sociais.
Diante desse quadro, se o TCU der parecer contrário à prestação de contas de Dilma - cenário que, embora inédito, é considerado hoje o mais provável -, criará precedentes que podem ser usados pelas Cortes estaduais. Integrantes dos tribunais de contas dos Estados têm conversado com ministros do TCU para manifestar essa preocupação. Na lista dos governadores que estão com dificuldades para atingir a meta fiscal estão o de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e o de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB). Mesmo sendo de oposição, eles enxergam com simpatia o movimento de Dilma em busca de sustentação.
A pressão dos governadores sobre o TCU, uma corte de contas com forte vínculos políticos, seria uma arma importante para o Planalto.
"Estamos apostando no convencimento dos ministros do TCU", disse o ministro-chefe da Advocacia Geral da União, Luís Inácio Adams. "Temos uma crise, sim, mas não é institucional."
Na quinta-feira, a presidente se reunirá com os governadores. A articulação de Dilma tem o objetivo de criar um pacto de união capaz de enfrentar a crise. Com a iniciativa, ela espera se contrapor ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que rompeu com o governo e pode levar adiante pedidos de impeachment. No caso do governo federal, se a rejeição do balanço de Dilma for confirmada, o relatório segue para a Comissão Mista de Orçamento do Congresso e, depois, tem de ser votado pelos plenários da Câmara e do Senado, que podem abrir processo de impeachment contra a presidente por crime de responsabilidade. Nos Estados, a competência para o julgamento é das Assembleias Legislativas. Embora o tema do encontro entre Dilma e os governadores não seja a prestação de contas, o Planalto avalia que o cenário de incertezas batendo à porta dos Estados contribui para o apoio à presidente, apesar de desavenças partidárias.
Sem briga
Dilma não mencionou as manobras orçamentárias cometidas por Estados ao apresentar sua defesa no TCU, contestando a ponderação de que as "pedaladas" infringiram a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Também pedirá ajuda para aprovar o projeto que revê as desonerações da folha de pagamento das empresas, visto como "prioritário" para o ajuste fiscal. Há muitas críticas no Congresso às propostas, mesmo na base aliada, e tudo vem se agravando em meio à instabilidade política e dificuldades econômicas. Foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quem aconselhou Dilma a chamar os governadores para conversar, até os da oposição.
Lula sugeriu ainda reunir os prefeitos, que, a seu ver, podem criar uma rede para divulgar suas ações. Dilma resistiu o quanto pôde, sob o argumento de que todos cobrarão pendências impagáveis nesse momento, como o aval do Tesouro para liberação de dinheiro. Apesar de não ter recursos nem paciência para ouvir queixas, ela resolveu driblar a fase do "pires na mão" para angariar apoio. Agora, falta marcar o café com os prefeitos.(Colaborou Alberto Bombig)
As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo..