O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), retomou as críticas e chamou de "pífio" o ajuste fiscal promovido pelo governo neste segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. Na avaliação de Cunha, as propostas impunham um sacrifício à sociedade, mas não mostravam a ela o cenário pós-ajuste. "Você tem que dizer à sociedade o que vem depois do sacrifício", afirmou.
Segundo cálculos do presidente da Câmara, as medidas enviadas ao Parlamento representavam um alívio de "só R$ 25 bilhões", enquanto a queda de arrecadação causada pela crise econômica chegou a R$ 100 bilhões.
Ao exemplificar as falhas nas medidas do ajuste, Cunha citou a mudança no seguro-desemprego. Ele disse ser favorável a mudanças que corrijam falhas, mas afirmou que a maior despesa para o seguro-desemprego vem do desemprego causado pela crise.
Cunha disse à plateia formada por empresários que o projeto que instituía a reoneração da folha para alguns setores era "equivocado", mas que, se não houvesse apoio, ia se dizer que havia "sabotagem" ao ajuste. O projeto aprovado pela Câmara excluiu cinco setores (comunicação social, transportes, call center, itens da cesta básica e calçados) do aumento de alíquotas sobre a folha de pagamento. A proposta espera agora a apreciação do Senado.
Reforma tributária
O presidente da Câmara disse que há um desafio na concretização da reforma tributária no Brasil. Ao falar das dificuldades, Cunha fez um diagnóstico da situação tributária: "Só há três formas de fazer reforma tributária; ou União paga a conta, ou São Paulo perde dinheiro ou o contribuinte paga caro", disse o peemedebista, que reafirmou que tenta encontrar uma solução para o problema.
Independência
Cunha fez questão de dizer aos empresários que seu rompimento pessoal com o governo não significa que ele usará a Casa para atuar contra o governo. O parlamentar reclamou do que chamou de "covardia" do governo contra ele nas acusações da Lava Jato, mas disse que seu compromisso é conduzir a Câmara mantendo o equilíbrio e atuando institucionalmente e com independência.
"Não está no nosso horizonte fazer com que nosso País incendeie. Nesses dias difíceis, pode faltar incendiário, o que não pode faltar é bombeiro", disse o presidente da Câmara, afirmando que sempre estará na posição de bombeiro.
Cunha recordou a votação expressiva que teve na eleição para a presidência da Câmara para dizer que não se sente no direito de usar o cargo para atuar contra o governo.