Articulador informal do governo, o ministro da Secretaria de Aviação Civil, Eliseu Padilha (PMDB), afirmou nesta segunda-feira, 27, ser "óbvio" que o Palácio do Planalto fique preocupado com as chamadas "pautas bomba" que devem ir à votação do Congresso na volta do recesso parlamentar. Justamente em semana na qual o Planalto busca apoio dos governadores para sobreviver à crise política.
Padilha disse que "o governo de hoje pode ser a oposição amanhã" e que o Executivo "não faz mágica" nessas horas, tendo de ir para o debate político.
"A pauta bomba do Congresso não destrói o governo. Destrói a expectativa positiva dos brasileiros", afirmou ele, em entrevista coletiva após a reunião da coordenação política no Palácio do Planalto.
O ministro da Aviação Civil disse tratar com "absoluta normalidade" o encontro do ministro Augusto Nardes, relator das contas do governo de 2014 no Tribunal de Contas da União (TCU), com os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), um dia após a apresentação da defesa pelo Executivo.
Padilha reafirmou que não viu nenhuma manifestação pessoal de Eduardo Cunha que tenha saído do "relacionamento institucional". Há duas semanas Cunha anunciou o rompimento com o governo. O ministro disse confiar em Cunha, que, segundo ele, vai agir corretamente.
O ministro destacou ainda que o governo precisa dividir os cargos para poder contemplar um maior número de aliados. Segundo ele, essa questão é "mal interpretada" na imprensa, citando o fato de que nos Estados, na Alemanha e em outros países diversos partidos integram o governo para ajudar a administrar. "Aqui também. Estamos convencendo, sim, os parlamentares e alguns casos, ex-parlamentares de que a gente tem de dividir para poder contentar a mais gente. Então, sob o aspecto dos cargos, a nossa pretensão é liquidar esse assunto, na pior das hipóteses, até o meio do mês de agosto. Não passa pela nossa cabeça passar do meio", disse.
O governo tem uma extensa planilha com a relação de votações dos parlamentares em matérias de interesse do Palácio do Planalto, especialmente em relação ao ajuste fiscal. Essa planilha tem sido usada para orientar o acerto na distribuição de cargos.