A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) declarou, em petição endereçada à Justiça Federal no Paraná, base da Operação Lava Jato, que as informações sobre a origem dos honorários da advocacia "são invioláveis e devem ser resguardadas por força do sigilo profissional". A declaração é uma resposta formal da entidade máxima da advocacia perante o juiz Sérgio Moro, que pediu manifestação da OAB sobre o episódio envolvendo a advogada criminal Beatriz Catta Preta - alvo de requerimento da CPI da Petrobras que a convocou para indicar seus clientes investigados e esclarecer a origem dos rendimentos como defensora de alguns dos principais delatores da Lava Jato.
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Catta Preta renuncia à defesa de delator de Eduardo CunhaEdinho diz que Mercadante foi mal interpretado e que Temer é 'fundamental'Deputados da CPI da Petrobras admitem dificuldades para ouvir Catta PretaPresidente da CPI da Petrobras mantém convocação de Catta PretaCPI mantém convocação da advogada Beatriz Catta PretaÀ Justiça Federal, Júlio Camargo afirmou que em 2011 foi pressionado por Eduardo Cunha. Segundo o delator, o parlamentar exigiu US$ 5 milhões em propinas sobre contratos de US$ 4 bilhões da estatal petrolífera.
Catta Preta defendeu Júlio Camargo até a última segunda-feira, 20, quando renunciou à causa e também à defesa de outros dois colaboradores da Lava Jato, Pedro Barusco e Augusto Ribeiro de Mendonça.
A iniciativa da CPI provocou forte reação da advocacia. A manifestação da OAB é subscrita por seu presidente nacional, Marcus Vinicius Furtado Coelho.
Em quatro páginas, Marcus Vinicius assinala que a OAB já encaminhou ofícios ao presidente da CPI da Petrobras, constituída na Câmara, requerendo a reconsideração da decisão que autorizou a convocação de Catta Preta e, se mantida a convocação, "não seja a profissional obrigada a testemunhar sobre fatos protegidos pelo sigilo profissional, em especial, sobre a origem de seus honorários".
"Nas situações que existirem advogados exercendo sua profissão, independente da parte que ele defenda ou da sua posição processual, estará a Ordem dos Advogados do Brasil atuando na preservação de suas garantias profissionais", avisa Marcus Vinicius. "Portanto, sem necessidade de adentrar na discussão sobre o mérito das investigações e instruções criminais, requer esta Entidade o respeito ao advogado quando no exercício de sua profissão."
O presidente da OAB nacional refuta, ainda, o que classifica de 'pressões indevidas'. "Para que o Estado Democrático de Direito seja pleno, as instituições devem ter liberdade para trabalhar sem pressões indevidas. Para haver justiça é preciso que acusações sejam fundamentadas, defesas altivas, e julgamentos justos e imparciais."
Marcus Vinicius adverte que "excessos e desmandos podem resultar na anulação de processos, frustrando desejos da sociedade, que quer ver a correta aplicação da lei, quando inocentes são absolvidos e culpados condenados"..