O procurador Deltan Dallagnol, um dos responsáveis pela Operação Lava-Jato no Ministério Público Federal (MPF), afirmou que o País vive hoje uma "guerra contra a corrupção" que requer a união entre diversas instituições.
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Odebrecht presenteou Gabrielli e Graça com quadros de 'alto valor', diz força-tarefa da Lava-JatoInvestigações da Lava-Jato revelam vida de alto padrão de envolvidos no esquemaAdvogados de empreiteiros questionam vazamentos de processos da Lava-JatoPF aponta trilha da propina para almirante da EletronuclearPF deflagra a 16ª fase da Operação Lava-Jato"Cremos que, no caso da Lava-Jato, em razão de sua importância e da sua dimensão, o Judiciário vai dar uma resposta rápida. O problema é como funciona o sistema. Como dar celeridade a um julgamento em que há quatro instâncias envolvidas com um número maior de processos que sua capacidade de julgar?", questionou o procurador, que participa de palestra no Rio nesta segunda-feira.
Dallagnol disse que a corrupção "mata milhões" e afirmou que o "crime de colarinho branco" hoje pode demorar até 15 anos para ser julgado. O procurador classificou as punições previstas para a corrupção como uma "piada de mau gosto" e apresentou um conjunto de dez medidas que poderiam ser implantadas para combater a impunidade, como o trâmite paralelo dos processos em diferentes instâncias.
"Existe um círculo vicioso entre corrupção e impunidade. A demora é uma mazela e deficiência do sistema judicial que precisa ser enfrentada, para que resultados práticos sejam alcançados", disse. "Com a impunidade, o único freio que temos é o freio ético. Mas não podemos depender da ética.
As medidas apresentadas constam de um manifesto que está colhendo assinaturas pelo País para sua aprovação no Congresso. Questionado sobre a possibilidade de não haver a aprovação, o procurador afirmou que "há representantes eleitos e devemos confiar neles".
"Pode existir problema em nível de determinadas pessoas, mas continuamos acreditando nas instituições", reforçou. Dallagnol disse acreditar em um "alinhamento de circunstâncias excepcionais" para garantir a "prioridade" ao caso, citando o trabalho em conjunto com o juiz Sérgio Moro e o ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki.
O procurador ainda defendeu os métodos de colaboração premiada, criticados pelos advogados dos réus. Segundo Dallagnol, as colaborações são vistas como um "fator de sucesso" da operação. "Pessoas vão olhar a seriedade das consequências e vão passar a buscar a solução negociada. Se a pessoa está sendo investigada por A, ela entrega A, B, C e D", afirmou.
"O suspeito vai avaliar qual a perspectiva que tem com uma solução negociada ou sem. Sem o acordo de colaboração tem uma perspectiva de impunidade", avaliou o procurador.
Dallagnol voltou a frisar que a força-tarefa só oferece denúncias "porque tem convicção de que vamos conseguir a condenação". Ele se recusou a comentar se há novos processos de delação premiada em curso.
"Por ser um caso muito grave, que despertou tanta atenção, a Lava Jato tem um julgamento mais rápido nas instâncias superiores", afirmou o procurador.
"Estamos em uma guerra contra a corrupção em que se uniram diversas instituições. A imprensa é nossa aliada, quando expõe o problema que está sendo desvelado pela nossa investigação. A sociedade brasileira não aguenta mais impunidade. Mas somos brasileiros e não vamos desistir do nosso País", concluiu.L.