O subprocurador Carlos Frederico Santos, principal adversário do atual procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na disputa pela vaga de chefe do Ministério Público Federal fez críticas indiretas às relações da instituição com o Congresso Nacional, insinuando uma atuação "midiática" na Operação Lava Jato. Ele defendeu que a Procuradoria-Geral da República (PGR) tenha boa relação institucional com o Legislativo para viabilizar conquistas para a carreira e só atire contra parlamentares quando tiver "bala de grosso calibre".
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Janot recorre ao Supremo contra prioridade para investigação de CPIsEm debate, Janot diz que MP é "chamado a dar respostas"'Substituto' de Janot defende continuidade das investigaçõesJanot disputa hoje recondução ao comando da Procuradoria-Geral da RepúblicaJanot diz que acusação sobre tentativa de afastar Cunha é 'ilação'Renan diz que atuará para votar logo eventual recondução de Janot à PGRCandidatos ao comando do Ministério Público priorizam anticorrupçãoLula é alvo em debate do Ministério PúblicoDesde que pediu a abertura de investigações, no âmbito da Operação Lava Jato, de 52 políticos perante o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Superior Tribunal de Justiça (STJ), Janot tem sido alvo de críticas de parlamentares. O presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um dos investigados, acusa Janot de conduzir a apuração de forma "pessoal". O ex-presidente da República e senador Fernando Collor (PTB-AL) reforça o coro dos insatisfeitos com o procurador-geral e costuma fazer uso da tribuna no Senado para classificar como "atos ilegais" as investigações conduzidas por Janot.
Em meio à guerra declarada de deputados e senadores investigados contra Janot, Carlos Frederico Santos disse que é necessário que o procurador-geral da República "se relacione diretamente" com parlamentares. As críticas foram feitas em respostas a perguntas sobre gratificações e remuneração de servidores, além de aumento de quadro funcional.
Janot conduz as investigações de políticos na Lava Jato desde a abertura dos inquéritos, no início de março. A apuração, feita em conjunto com a Polícia Federal, já foi prorrogada por duas vezes, com autorização do ministro Teori Zavascki, do STF. A expectativa é que, antes de encerrar o mandato em 18 de setembro, Janot encaminhe ao Supremo parte das denúncias - acusações formais - nos casos em que concluir que a investigação já traz indícios de provas suficientes. O procurador-geral da República evitou entrar em confronto direto com Carlos Frederico Santos, limitando respostas a questões técnicas e saiu do debate sem falar com a imprensa.
Janot disse, ao final do debate, que almeja um novo mandato como procurador-geral para terminar o trabalho a que deu início. "Quero terminar e, se não terminar, encaminhar aquilo que comecei. Acho que temos ótimos projetos em curso, trabalhos bem desenvolvidos em curso", disse.
Frederico fez questão de frisar que "não tem resistência dentro do Congresso nacional", pois soube manter "portas abertas". Entre os três candidatos que concorrem com Janot, ele é o que tem discurso mais duro em relação à gestão atual. Conforme reportagem do Estadão, Frederico é apontado como um nome ligado ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha. A relação é fundamentada por procuradores com base no fato de que Carlos Frederico Santos exerceu cargo de secretário-geral da Procuradoria-Geral na época em que a instituição foi comandada por Antonio Fernando de Souza. Atualmente, o ex-procurador-geral da República é advogado de Cunha no inquérito que apura a participação do parlamentar na Lava Jato. Tanto Cunha como o subprocurador negam o apoio.
Além de Janot e Carlos Frederico, concorrem à vaga de procurador-geral da República os subprocuradores Raquel Dodge e Mario Bonsaglia. O debate foi promovido pela Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT), Associação dos Membros do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (AMPDFT) e pela Associação Nacional do Ministério Público Militar (ANMPM).