Brasília – No momento em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva processa dois procuradores que atuaram em investigação contra o petista, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse nessa segunda-feira (27) que os membros do Ministério Público não podem ser intimidados com processos no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). As afirmações foram feitas no segundo debate entre candidatos para exercer o cargo entre 2015 e 2017. “No âmbito do Conselho Nacional, tenho me pautado com a discussão de que a autonomia funcional de um membro do Ministério Público não pode ser obstaculizada com processos disciplinares”, afirmou Janot.
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Provocações O debate, promovido pelas associações de promotores e procuradores do Trabalho (ANPT), do Distrito Federal (AMPDFT) e Militares (ANMPM), foi morno. A maioria das perguntas se referia a pautas corporativas. Isso não impediu os candidatos de tratarem da Operação Lava-Jato.
Frederico criticou Janot. Disse que, se for eleito, vai comandar a Lava-Jato sem uma postura “midiática”. Pediu pressa na investigação e afirmou que os procedimentos têm que ser abertos só com provas fortes, até para evitar conflitos desnecessários com o Congresso. “Dosifique o calibre da sua bala. Quando atirar, atire para derrubar. Isso minimiza a questão das relações institucionais.”
País corroído Raquel Dodge defendeu a criação de um sistema no Ministério Público para aferir a eficácia da instituição, com foco em resultados. “O Brasil não é país pobre, é rico, mas injusto e corroído pela corrupção”, disse.
O subprocurador-geral Mário Bonsaglia disse que os orçamentos do Ministério Público representam uma ameaça latente porque a contratação de pessoal é limitada a 0,6% da receita da União. “O limite é exíguo e uma ameaça, um sinal amarelo.”.