O Tribunal de Contas da União (TCU) vai analisar, nas próximas semanas, uma nova “pedalada” do governo federal. Além dos atrasos em repasses de benefícios sociais e subsídios às instituições financeiras que mediam seu pagamento para maquiar o cumprimento das metas fiscais, o tribunal vai avaliar uma outra ação, envolvendo cancelamento de pagamentos prometidos pelo Palácio do Planalto. A nova “pedalada” é apontada pela Federação Nacional de Escolas Particulares (Fenep), que questiona o governo sobre mudanças instituídas no Fundo de Financiamento Estudantil (o Fies), no fim do ano passado. As instituições de ensino acusam o governo de manobra ilegal, quebra de contrato e calote.
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Reunião com governadores não é para discutir 'pedaladas', diz senadorCaixa bancou 'pedaladas' por 21 mesesPlanalto pedirá apoio de Estados em julgamento das 'pedaladas' no TCULula pede a Dilma que privilegie os 'fiés' na reformaNo entanto, apesar de passar a receber do governo em oito parcelas anuais, as instituições continuam tendo de honrar com seus compromissos mensais, como salários, aluguéis e despesas para se manter em funcionamento, como contas de água, luz e telefone. “O governo simplesmente disse que não vai mais emitir os certificados mensalmente e só vai permitir a emissão e uso de certificados em relação a oito mensalidades. As quatro faltantes só seriam pagas no futuro.
Os advogados que participam da ação questionando a Portaria 23 acionaram o TCU para esclarecer como será feito o pagamento das parcelas que foram canceladas. Como nas próximas semanas o tribunal deverá analisar as justificativas apresentadas pelo Planalto para as “pedaladas fiscais”, as instituições de ensino cobram também uma explicação sobre os cancelamentos de pagamentos para os estudantes do Fies. “Esses recursos foram prometidos pelo governo federal e são previstos no orçamento. O que está acontecendo agora é um confisco, com as escolas tendo de assumir um programa que deveria ser cumprido pelo governo. Uma transmissão de responsabilidade absurda”, afirma João Batista Pacheco Carvalho, advogado das instituições de ensino e presidente da Ação Brasileira de Cidadania pela Democracia (ABCD). No TCU, o processo terá relatoria da ministra Ana Arraes.
Indignação
Para o jurista Ives Gandra, a derrubada das mudanças implementadas pelo Ministério da Educação (MEC) vai garantir que os estudantes prejudicados voltem a ter benefícios previstos na lei e continuem seus estudos.
Na ação, os advogados ressaltam que “o calote é fruto de quebra de contrato”, uma vez que as instituições de ensino já aderiram ao Fies acreditando nas regras previstas na legislação antes das alterações feitas no final do ano passado. “As escolas fizeram pesados investimentos para receber os alunos e jamais sonharam que pudessem ser surpreendidas com tal absurdo, que atingirá, inclusive, contratos em vigor, fato que as levará a um colapso, inviabilizando os estudos de quase 2 milhões de estudantes”, explicam os advogados que assinam a ação, Ives Gandra, João Batista Carvalho e Osmar Tognolo. O Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão responsável pelo Fies, informou que só vai se posicionar sobre a questão quando for acionado pelo TCU. O órgão não quis comentar as críticas da Fenep..