O ex-ministro José Dirceu foi condenado no processo do mensalão em outubro de 2010 a sete anos e 11 meses por formação de quadrilha e crime de corrupção ativa. Além da pena de reclusão, o petista também foi multado em R$ 676 mil, correspondentes a 260 dias-multa no valor de dez salários mínimos, fixados aos valores praticados na época.
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Habeas Corpus
No último dia 22, o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4) negou por unanimidade e em caráter definitivo, habeas corpus preventivo para José Dirceu.
A decisão é da 8.ª Turma do TRF4, que julgou no último dia 22 recurso denominado agravo regimental em habeas corpus preventivo impetrado pela defesa de Dirceu no dia 8 de julho. No pedido, o criminalista Roberto Podval, que coordena o núcleo de defesa do ex-ministro, argumentou então que Dirceu estava na "iminência de ser preso".
Novela
O juiz federal Nivaldo Brunoni, relator da Lava-Jato no TRF4 durante as férias do desembargador João Pedro Gebran Neto, havia negado a análise do habeas preventivo por entender que este não se justificava e negou seguimento ao processo.
A defesa pediu a Brunoni que reconsiderasse sua decisão, mas o juiz indeferiu esse novo pedido. A defesa recorreu, então, a um agravo regimental, com objetivo de levar a demanda ao crivo do colegiado da 8.ª Turma - formada por Brunoni, pelo desembargador federal Leandro Paulsen e pelo juiz convocado Rony Ferreira. O agravo também foi inferido. Com a decisão da 8.ª Turma do TRF4, ficou encerrado o processo da Lava-jato.
Réu duas vezes
As duas vezes em que José Dirceu foi réu em julgamentos traçaram momentos definidores dos mais de 45 anos de vida política do ex-ministro de Lula. Se na primeira condenação, ele obteve "as glórias" por sua atuação na resistência contra a ditadura militar, a outra sentença no mensalão recebida quatro décadas depois coloca Dirceu no pequeno rol de políticos de primeiro escalão condenados por corrupção no Brasil.
A primeira condenação de Dirceu foi pela participação no histórico congresso da UNE em Ibiúna, em 1968. Preso junto com todos os estudantes do encontro, foi sentenciado a 14 meses em 21 de agosto de 1969.
Estudante de cursinho em 1964, José Dirceu de Oliveira ingressou na Faculdade de Direito da PUC em 1965. Iniciou no movimento estudantil sua carreira política. Numa eleição confusa, em outubro de 1967, tornou-se presidente da extinta União Estadual dos Estudantes (UEE).
Nas assembleias e nos comícios relâmpagos, seu discurso político e talento oratório mobilizavam os ouvintes. Comandou as passeatas de São Paulo em 1968, liderou os estudantes que instigaram a greve operária em Osasco. Meses depois, era cotado como favorito para presidir a UNE, entidade ilegal no período, mas mantida viva pelos estudantes que se organizavam contra a repressão. A operação policial em Ibiúna impediu a eleição e prendeu todos os líderes do movimento estudantil.
No exílio, fez uma cirurgia plástica e curso de guerrilha.
Com a vitória de Lula e a chegada do PT ao governo federal, Dirceu foi nomeado ministro-chefe da Casa Civil. Por sua influência, era tido como sucessor natural de Lula. A denúncia do mensalão pelo presidente do PTB, Roberto Jefferson, o derrubou Dirceu e o transformou em réu. Ao contrário da primeira vez, quando a condenação pelo arremedo de Justiça Militar foi praticamente sumária, desta vez o processo se arrastaria por sete anos até ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal..