O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu continou operando esquema de corrupção na Petrobras mesmo durante o processo de julgamento do mensalão e, também, quando estava preso na Penitenciária da Papuda, em Brasília, onde ficou preso por oito meses após ser condenado, em 2012, a sete anos e 11 meses por formação de quarilha e corrupção ativa no processo do mensalão. "Não temos dúvida disso", disse o procurador federal Carlos Fernando dos Santos Lima, na manhã desta segunda-feira, ao se referir à participação do ex-ministro no esquema de corrupção instalado na Petrobras para desvio de recursos da estatal. Condenado no mensalão, Dirceu foi preso na manhã de hoje durante a deflagração da 17ª Operação Lava-Jato, batizada de Pixuleco. O nome é uma referência ao termo usado pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto para falar sobre o dinheiro cobrado de empreiteiras do cartel que atuava na Petrobras.
O procurador, que integra a força-tarefa da Operação Lava-Jato, afirmou ainda que o ex-ministro José Dirceu foi o instituidor do esquema de corrupção instalado na Petrobras.
Segundo o delegado da Polícia Federal, Márcio Adriano Anselmo, ainda não é possível informar o total deviado de recursos da Petrobras pelo ex-ministro. Ele disse que o esquema de pagamento de propina a José Dirceu e pessoas ligadas a ele era feito por meio da empresa do ex-ministro, a JD Cosultoria, e individualmente, por indicação do ex-ministro. De acordo com Anselmo, os valores ainda não foram agrupados e relacionados. Mas ele adiantou que só a JD Consultoria teria recebido algo em torno de R$ 39 milhões por consultoria à Petrobras. O delegado disse ainda que essas consultorias da empresa de Dirceu não foram comprovadas pela investigação da Polícia Federal.
Anselmo detacou que o esquema de propina montado por Dirceu e Fernando Moura - que, segundo o delegado, seria "uma espécie de empresário, mas na verdade funcionaria como lobista"-, vem funcionando desde 2003, quando Dirceu estava no cargo de ministro da Casa Civil do governo Lula, cargo que deixou em 2005, ano em que foi descoberto o esquema do mensalão, como ficou conhecido o pagamento de propina a parlamentares para votarem projeto de interesse do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O delegado também explicou que a prisão temporária (por tempo indeterminado) de Dirceu deve ser cumprida em Curitiba, no Paraná, para onde o ex-ministro deverá ser transferido ainda hoje. A transferência depende, no entanto, de autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), já que o Dirceu cumpre prisão domiciliar pela condenação no processo do mensalão. O ex-ministro foi preso na manhã desta segunda-feira em casa, em Brasília, e transferido para a superintendência da PF no Distrito Federal.