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Estado de Minas

Força-tarefa diz que esquema vem desde a época de Dirceu na Casa Civil


postado em 03/08/2015 12:37 / atualizado em 03/08/2015 12:46

São Paulo e Brasília - A força-tarefa da Operação Lava-Jato informou nesta manhã de segunda-feira, 3, ter convicção que o ex-ministro da Casa Civil do governo Lula, José Dirceu, ajudou a instalar o esquema de corrupção na Petrobras e prosseguiu na atividade ilícita após o processo do mensalão, no qual foi condenado. "(O esquema) vem desde aquela época, passou pelo processo do mensalão, passou pela condenação, pelo período que ele ficou na prisão, sempre com pagamentos para José Dirceu. Esse esquema perdurou apesar da movimentação da máquina do Supremo (Tribunal Federal), de todo o Judiciário para apuração dos fatos", disse o procurador Carlos Fernando Lima, em coletiva.

A força-tarefa explicou que Dirceu é um dos principais beneficiários e um dos principais cabeças do esquema de corrupção na estatal, mas não o único. "Não descarto que haja outros envolvidos, mas creio que chegamos a um dos líderes principais que instituíram o esquema na Petrobras. Enquanto ministro da Casa Civil, aceitou que esse esquema existisse e, na minha opinião, se beneficiou do esquema também", disse Lima. "Dirceu é apenas uma parte da pintura que queremos mostrar na operação."

Outro cabeça seria o empresário Fernando Moura, que segundo a investigação atuava como lobista e foi responsável pela indicação de pessoas para diretorias da Petrobras. Moura teria indicado, por exemplo, Renato Duque para a diretoria de Serviços, indicação que foi aceita por Dirceu.

Os investigadores relataram também ter "provas substanciais" de que Dirceu recebeu dinheiro oriundo de propina através da consultoria JD, mas também de forma direta, por recebimentos em espécie e através de laranjas. Segundo o delegado Márcio Adriano Anselmo, Dirceu tinha em nome de terceiros mais de 10 imóveis. O delegado explicou também haver evidências de que a JD era de fato uma empresa de fachada. "A atividade era muito ampla para uma área de consultoria que, a princípio, a JD não teria conhecimento técnico para isso", disse Anselmo ao apontar que, pela investigações, a JD só tinha uma pessoa contratada com nível superior.

"Até hoje não há sequer comprovação de serviço prestado pela JD", complementou Lima, que explicou que Dirceu de fato atuou como lobista e "instituidor" do esquema de corrupção

De acordo com investigadores, Dirceu recebia pagamentos frequentes de Milton Pascowitch ou através da empresa do lobista, a Jamp. Pascowitch firmou acordo de delação premiada que permitiu à investigação chegar a Dirceu.

Dirceu não estaria envolvido diretamente no mecanismo que desviaria dinheiro para o PT, segundo o delegado Anselmo. O delegado explicou que ele poderia ter conhecimento, mas que o mecanismo de desvio para o partido passava pelo então tesoureiro João Vaccari - também detido pela operação Lava-Jato.

Lula

O procurador Carlos Fernando Lima disse, ao ser questionado sobre possível investigação de Lula, disse que ninguém está isento de ser investigado, mas não deu maiores detalhes. Afirmou apenas que, por não ter foro privilegiado, Lula seria investigado na primeira instância. O procurador disse também que, por ora, não há evidência de envolvimento da ex-presidente da estatal Graça Foster.

Além de Dirceu, foram presos seu irmão, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, e o ex-assessor do petista Roberto Marques. A 17ª fase cumpriu 26 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal.

A Lava-Jato aguarda autorização do Supremo para transferir Dirceu para Curitiba.


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