O ex-deputado Roberto Jefferson (PRB-RJ), que cumpre pena em regime domiciliar desde maio passado, disse nesta segunda-feira, não ter motivo para comemorar a prisão do ex-ministro e ex-deputado José Dirceu (PT-SP), investigado na Operação Lava-Jato. "Não me regozijo, não tenho sentimento de revanche, de ressentimento. Tenho pena dele. Acabou o mito", afirmou. "Sei o que é estar lá (na prisão)", comentou Jefferson.
Em 2005, Jefferson denunciou o esquema do mensalão e apontou Dirceu como o comandante do esquema de suborno de parlamentares fiéis ao governo Lula. O petebista teve o mandato cassado em setembro daquele ano. Em novembro, a Câmara cassou o mandato de Dirceu.
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"Acabou o mito", diz Roberto Jefferson após prisão de DirceuMoro bloqueia R$ 20 milhões de José DirceuSem citar Dirceu, FHC exalta instituições que estão combatendo a corrupçãoSó Roberto Jefferson foi cassado por mentir aos pares no Conselho de Ética Após cirurgia, Roberto Jefferson deve permanecer internado por uma semanaDefesa de José Dirceu pede que ex-ministro permaneça em BrasíliaEm fevereiro do ano passado, Jefferson começou a cumprir a pena de sete anos e 14 dias, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Depois de 14 meses, recebeu autorização para cumprir o restante da pena em casa.
"É a terceira prisão da vida de José Dirceu, não é brincadeira. O juiz Sérgio Moro deve ter provas contundentes. Ele não joga para a plateia. Aquela rapaziada do Ministério Público é muito séria, sem extremismo", elogiou Jefferson. Antes da prisão pelo mensalão, Dirceu, líder estudantil nos anos 1960, foi preso em 1968 e trocado, no ano seguinte, pelo embaixador americano Charles Elbrick.
"O Executivo e o Legislativo estão desmoralizados e o Judiciário, muito sólido. É quem alicerça a democracia hoje. Os homens mais ricos do Brasil, os políticos mais poderosos, os burocratas estatais mais influentes estão presos.
Na avaliação do petebista, as prisões dos investigados fragilizam as manifestações contra a corrupção e de oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff. "O juiz Sérgio Moro esvazia as passeatas do dia 16 de agosto (data marcada para uma série de manifestações em todo o País). O povo planeja ir para a rua pedir justiça, mas a justiça está sendo feita", diz.
Proibido de participar de encontros políticos, reuniões públicas e de sair à noite, Jefferson, de 62 anos, diz que o Executivo e o Legislativo, extremamente desgastados, parecem "o roto falando do esfarrapado". O ex-deputado não engrossa o coro dos que defendem a saída da presidente Dilma. "Não adianta pregar ruptura institucional, porque não há líderes nacionais. Tem o Fernando Henrique Cardoso, mas já está com 84 anos", afirma Jefferson..