O advogado de defesa de José Dirceu, o criminalista Roberto Podval, disse que o ex-ministro tornou-se "bode expiatório" da Lava-Jato. "José Dirceu é hoje bode expiatório de um processo, como um grande prêmio", disse o advogado durante coletiva realizada na noite desta segunda-feira, 3, em Brasília. Podval criticou o fato de colocarem o ex-ministro como "o grande responsável" pelos desvios da Petrobras. "Colocam em cima dele a grande responsabilidade por todo esse processo? Aí é politizar uma questão", declarou.
Leia Mais
Dirceu vai passar a noite na PF em Brasília, antes de ser transferidoDefesa de Dirceu diz que ex-ministro tornou-se 'bode expiatório' da Lava-Jato'Ninguém está isento de ser investigado', diz procurador sobre Lula'Prisão de Zé Dirceu é uma injustiça', diz defesaLava Jato: PF identificou mais duas empresas envolvidas nos desviosCom prisão de Dirceu, senadores tucanos defendem investigação de Lula e DilmaPF deflagra mais uma operação da Lava-Jato com prisão de José DirceuCondenado no mensalão, Dirceu passou oito meses na prisãoIrmão e ex-assessor de José Dirceu são presos na Lava-JatoDirceu deixou passado de guerrilheiro para se tornar rico presidiárioAo longo da entrevista, o advogado disse por diversas vezes que a prisão não tinha justificativa jurídica e que não houve qualquer fato novo para que o pedido fosse feito agora. Podval disse que nada de novo aconteceu recentemente desde que as investigações sobre o ex-ministro tiveram início. "Não há absolutamente nada que indique que Dirceu tenha tentado destruir provas, nem risco de fuga e nem tentativa de obstruir investigação. A única justificativa dada foi ordem pÚblica, o clamor que caso teve", disse.
O criminalista criticou as argumentações apresentadas pelo juiz Sérgio Moro, dizendo que os pagamentos feitos à JD Consultoria, empresa do ex-ministro, já existiam e que já haviam sido apresentadas ao juiz da 13a Vara Federal no Paraná.
Sobre declarações do delator Milton Pascowitch, que revelou como José Dirceu recebia propinas, o advogado disse que o delator falou "o que queriam ouvir, o que era necessário para ter sua liberdade. Não o culpo", disse.
Podval disse ainda que o decreto de prisão temporária é uma "antecipação da pena" e que o País vive um momento em que "a exceção vira regra: prender pessoas era exceção". Embora tenha evitado fazer críticas diretas ao juiz Sérgio Moro, o advogado disse que ele "se deixou levar" pelo apelo público. "Estamos vivendo momento difícil, estão acontecendo coisas diferentes e isso tem se misturado à movimentação processual. Não vou culpar o Sergio Moro, não acho que ele esta fazendo política, mas acho que como qualquer se humano ele reage à pressão popular", disse..