Jornal Estado de Minas

Propina para o PT financiou site, diz lobista

Brasília – O lobista Milton Pascowitch afirmou, em delação premiada, que o então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, ordenou que ele fizesse pagamentos à Editora 247. “Era uma operação para dar legalidade ao ‘apoio’ que o Partido dos Trabalhadores dava ao blog mantido por Leonardo (Attuch)”, informou Pascowitch.

De acordo com Pascowitch, Vaccari disse que deveriam ser feitos pagamentos de R$ 30 mil à editora por 12 meses, mas o operador discordou e fez apenas quatro, totalizando R$ 120 mil.  Pascowitch afirmou que o dinheiro foi descontado de um contrato que tinha com a empresa Consist e que nenhum serviço foi prestado.

Em nota, a 247 afirmou ontem que a editora “foi contratada pela Jamp, por meio do senhor José Adolfo Pascowitch, para a produção de conteúdo sobre o setor de engenharia. Os serviços foram prestados, as notas fiscais emitidas e os impostos recolhidos, como em qualquer transação comercial legal e legítima”, diz o texto.

O juiz da 13ª Vara Federal, Sérgio Moro, negou pedidos do Ministério Público para a Polícia Federal cumprir ordens de busca e apreensão e bloqueios em contas bancárias da 247. No entanto, ele destacou que, em buscas da PF no escritório do doleiro Alberto Youssef, foi encontrado bilhete com anotações para um repasse para o jornalista Leonardo Attuch.

Moro ainda lembrou que Pascowitch exibiu uma proposta comercial da editora para “produção de conteúdo jornalístico e de estudos especiais na área de infraestrutura, para publicação no jornal eletrônico 247”. O cliente era a empresa do lobista, a Jamp Engenheiros, uma firma dedicada à lavagem de dinheiro.

Para o juiz, essa informação levanta suspeitas. “Considerando que a Jamp era, como afirma seu próprio titular, empresa dedicada à lavagem de dinheiro e repasse de propinas, parece improvável que o conteúdo do documento em questão seja ideologicamente verdadeiro”, observou..