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Estado de Minas

Candidatos ao comando do Ministério Público priorizam anticorrupção

Tema domina o último debate de candidatos antes da eleição de lista tríplice a ser levada a Dilma. Favorito na disputa, Janot promete Procuradoria para combater desvios públicos


postado em 04/08/2015 06:00 / atualizado em 04/08/2015 08:03

Mario Bonsaglia (E), Carlos Frederico, o mediador do debate, Rodrigo Janot e Raquel Dodge durante uma das discussões de plataformas para a PGR (foto: Antônio Cruz/Agência Brasil - 27/7/15)
Mario Bonsaglia (E), Carlos Frederico, o mediador do debate, Rodrigo Janot e Raquel Dodge durante uma das discussões de plataformas para a PGR (foto: Antônio Cruz/Agência Brasil - 27/7/15)

Brasília – No último debate em busca do aval dos procuradores para permanecer por mais dois anos no comando do Ministério Público, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou nessa segunda-feira (3) que sua candidatura não representa uma ambição pessoal. Como novas bandeiras, prometeu intensificar os instrumentos e mecanismos para o combate à corrupção, criando uma Procuradoria nacional anticorrupção e outra de recuperação de ativos.  “Vamos intensificar o combate à corrupção, estruturando cada vez mais o MP para o pleno exercício de seu poder investigatório. Investiremos ainda mais em tecnologia, capacitando e aperfeiçoando o sistema que já temos”, prometeu Janot, antes de pedir união da categoria. O tema pautou também o discurso dos outros três candidatos ao cargo.

Na abertura do evento, Janot foi alvo de provocações puxadas pelo subprocurador-geral Carlos Frederico, que questionou o papel de liderança do colega na instituição, e de indiretas do subprocurador-geral Mario Bonsaglia, que prometeu transparência – inclusive com a divulgação da agenda – se ocupar a chefia do MP.

A subprocuradora-geral Raquel Dodge centrou sua apresentação em propostas, defendendo melhorar a qualidade dos resultados da instituição, com adoção de mecanismo para controle interno.

Amanhã, os mais de 1,2 mil procuradores elegem três dos quatro candidatos para compor a lista tríplice que a categoria enviará à presidente Dilma Rousseff  para que ela defina o indicado, que terá que ser sabatinado e aprovado pelo Senado. A expectativa é que Dilma escolha Janot, cujo mandato atual acaba no dia 17. Diante das investigações de políticos no esquema de corrupção da Petrobras, líderes do Congresso prometem dificultar uma eventual recondução de Janot. Internamente, porém, o desgaste do procurador por conta da Lava-Jato é apontado como a principal bandeira para conquistar o voto dos colegas.

Em sua fala no debate, o atual procurador-geral afirmou que sua recondução não é projeto pessoal. “A coragem está na capacidade de compreender que cada um externa o que pode oferecer. Estou determinado a oferecer serenidade, acolhimento, trabalho e diálogo, todos verdadeiros, sem vender ilusões nem alardear bravatas”, disse Janot. “Carrego a certeza de que é pelas coisas sadias, pela pátria proba, pela sociedade ordeira, pelo Ministério Público, sim, essa gente do MP, que isso tudo vale a pena. A minha paz e a minha felicidade são fortaleza que residem numa falta de ambição pessoal”, completou.

‘Atuação midiática’

Rival com tom mais crítico, Carlos Frederico voltou a acusar indiretamente Janot de ter uma atuação midiática, o que prejudicaria a interlocução do MP com outros poderes, e questionou seu papel de liderança.

“Você conhece o procurador-geral da República? O que é lido é dele ou de terceiros? Tem que ver o que é liderança. Líder não pode falar uma coisa e fazer outra porque ele é exemplo. Exemplo tem que respeitar regras internas para cobrar fora de casa. Seu dever é levar as pessoas a fazer o mesmo que ele faz. É muito importante que ele saiba dar exemplo, pautar os colegas, as atividades do MP”, disparou.

O subprocurador-geral Mario Bonsaglia também prometeu reforçar as investigações da Operação Lava-Jato e alfinetou Janot ao prometer transparência em sua eventual ação no MP. Janot protagonizou polêmicas ao manter encontros sem publicidade, por exemplo, com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. “Pretendo enfatizar a busca de eficiência do Ministério Público na investigação criminal. Apresentar resultado concreto. Devemos também ser uma instituição mais transparente. Minha agenda na PGR será divulgada para todos os cidadãos”, disse.

A subprocuradora-geral Raquel Dodge centrou sua fala na defesa de instrumentos para conferir maior controle de qualidade na atuação dos procuradores, com regras de compliance (controle interno), a partir de critérios internacionais e reforçar a estrutura de atuação dos procuradores com o objetivo de conter desvios na esfera pública. “O foco de atuação deve ser sempre o resultado e o impacto transformador”, disse Raquel Dodge. “O Brasil é um país rico, mas injusto, marcado pela desigualdade e a corrupção de verbas públicas”, lembrou.


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