A volta à prisão do ex-ministro José Dirceu, que já cumpria pena em regime domiciliar por sua condenação no mensalão, jogou por terra qualquer tentativa do PT de usar sua propaganda partidária nesta quinta-feira para tentar se defender das denúncias de corrupção e da crise que assolam o partido. Ao contrário, pode dar mais força ao panelaço convocado pelas redes sociais para boicotar o horário na televisão destinado ao PT. No mundo político, as novas acusações contra o principal nome do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva serviram de munição para aqueles que ligam o escândalo da Petrobras ao Palácio do Planalto.
O vice-presidente da CPI da Petrobras, Antônio Imbassahy (PSDB-BA) disse que a prisão de Dirceu liga “diretamente” o ex-presidente Lula ao esquema de corrupção na estatal. “O Dirceu comandou a campanha vitoriosa do Lula em 2002. Depois, foi nomeado o ministro todo-poderoso do presidente Lula, que o chamava de capitão do time. Isso (a prisão) tem um significado grandioso. Vai diretamente no ex-presidente”, disse. O tucano deu como certa a aprovação do requerimento para convocar José Dirceu para prestar depoimento na CPI.
O presidente do PSDB, senador Aécio Neves disse, em nota, que o PSDB não comemora nem lamenta as novas prisões da Operação Lava-jato, apenas louva o funcionamento das instituições. “Cabe a todos nós, como a todos os democratas do Brasil, zelar pelo seu bom funcionamento. Instituições autônomas, independentes e altivas são a garantia do exercício pleno da democracia. Aqueles que cometeram delitos, independentemente da função que ocupam ou ocuparam, devem responder por eles dentro do que determina a lei”, afirmou.
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Conduta Logo cedo, a informação da prisão de José Dirceu chegou ao Palácio do Planalto e ministros comentaram a situação. O ministro das Cidades, Gilberto Kassab (PSD), refutou a hipótese de envolvimento do governo com o caso Petrobras. “Confiamos muito na conduta da presidente Dilma. Em nenhum momento passa por nós nenhuma expectativa que se aproxime dela e de seu governo qualquer investigação”, disse. Depois da reunião do Conselho Político no Palácio, o ministro da Defesa, Jaques Wagner, disse que o assunto não foi tratado no encontro. Ele afirmou não ser contrário à investigação, mas manifestou preocupação com o impacto na economia. “Você precisa ter um grau de estabilidade para que os investimentos ocorram normalmente”, disse.
O secretário nacional de Organização o PT, Florisvaldo de Souza, criticou a força-tarefa da Lava-Jato, que chamou de “espetáculo”. “Quantas fases vai ter essa Lava-Jato, 5.559? Essa Lava-Jato não vai terminar, é só espetáculo. É operação antes da reunião da Executiva (que ocorre nesta terça-feira), no retorno do Legislativo”, afirmou.
Dirigentes da corrente majoritária Construindo um Novo Brasil, grupo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de Dirceu, discutiram os desdobramentos da crise dessa segunda-feira (3), em Brasília. Petistas receberam informações de que um integrante da Polícia Federal estaria dizendo aos presos: “Se você entregar o Lula, sairá rapidinho”. O diagnóstico é de que tudo vai piorar para o partido e para o governo da presidente Dilma.
Com agências.