Brasília – O delegado da Polícia Federal Márcio Adriano Anselmo afirmou na noite dessa segunda-feira duvidar que as consultorias do ex-ministro José Dirceu tenham funcionado de fato em tantos setores do conhecimento. Segundo a assessoria do petista, a JD Assessoria e Consultoria atendeu cerca de 60 clientes de 20 setores da economia. “A empresa tinha só um funcionário com nível superior, o que torna bastante difícil considerar que ela tivesse expertise para prestar essas consultorias, ainda mais considerando que elas eram tão vastas, abrangendo desde empreiteiras até laboratórios de medicamentos e uma série de outras atividades”, afirmou Anselmo, na porta da Superintendência da PF em Curitiba, em entrevista à TV Globo.
Como revelou Estado de Minas em 26 de abril, nenhuma empresa investigada pela PF e pelo Ministério Público prestou qualquer esclarecimento ou prova de que os serviços foram realizados. De acordo com Anselmo a situação perdura até hoje, desde que o inquérito contra Dirceu e a firma de consultoria, hoje extinta, foi aberto. “Eles tiveram praticamente seis meses para que fossem apresentadas as comprovações dessas consultorias e, até hoje, nós não temos qualquer comprovação”, disse o delegado. “Há simplesmente menções a contratos e a eventuais serviços de lobby ou ‘abertura de portas’ ou algumas coisas vagas.”
A Receita Federal identificou que a JD recebeu R$ 39 milhões entre 2006, logo após Dirceu deixar a chefia da Casa Civil do governo de Luiz Inácio Lula Silva por causa do mensalão, e 2013. Desse valor, 35% ou R$ 10 milhões foram para empresas sobre as quais a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu esclarecimentos adicionais (veja quadro), boa parte delas fornecedora da Petrobras.
‘NÃO É CRÍVEL’ Na decisão que determinou a prisão de Dirceu, o juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro, atentou que são frágeis os argumentos do ex-ministro de que prestou serviços para as empreiteiras sob a mira da Lava-Jato, embora ele possa ter prestado alguma intermediação de negócios. A Engevix, por exemplo, pagou R$ 1,1 milhão ao consultor, mas nenhum negócio foi fechado, conforme depoimento do dono da empresa Gérson Almada.
Moro destacou que muitos pagamentos aconteceram após a condenação de Dirceu no processo do mensalão, em dezembro de 2012, e até depois de sua prisão. Para Moro, “não é crível” que, após ser condenado e preso por corrupção, o ex-ministro fosse procurado para prestar consultoria e intermediação de negócios. “Enquanto os eminentes ministros discutiam e definiam, com todas as garantias da ampla defesa, a responsabilidade de José Dirceu pelos crimes, alguns deles, aliás, sendo alvo de severa crítica pública por associados ao ex-ministro da Casa Civil, o próprio acusado persistia recebendo vantagem indevida decorrente de outros esquemas criminosos, desta feita no âmbito de contratos da Petrobras.”
A defesa de Dirceu contesta o argumento da PF. Afirma que foram feitas viagens ao exterior para prospectar negócios, fato confirmado por Almada. E diz que, ao contrário do que informou Milton Pascowith, nenhum trabalho tinha relação com a Petrobras.
Como revelou Estado de Minas em 26 de abril, nenhuma empresa investigada pela PF e pelo Ministério Público prestou qualquer esclarecimento ou prova de que os serviços foram realizados. De acordo com Anselmo a situação perdura até hoje, desde que o inquérito contra Dirceu e a firma de consultoria, hoje extinta, foi aberto. “Eles tiveram praticamente seis meses para que fossem apresentadas as comprovações dessas consultorias e, até hoje, nós não temos qualquer comprovação”, disse o delegado. “Há simplesmente menções a contratos e a eventuais serviços de lobby ou ‘abertura de portas’ ou algumas coisas vagas.”
A Receita Federal identificou que a JD recebeu R$ 39 milhões entre 2006, logo após Dirceu deixar a chefia da Casa Civil do governo de Luiz Inácio Lula Silva por causa do mensalão, e 2013. Desse valor, 35% ou R$ 10 milhões foram para empresas sobre as quais a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu esclarecimentos adicionais (veja quadro), boa parte delas fornecedora da Petrobras.
‘NÃO É CRÍVEL’ Na decisão que determinou a prisão de Dirceu, o juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro, atentou que são frágeis os argumentos do ex-ministro de que prestou serviços para as empreiteiras sob a mira da Lava-Jato, embora ele possa ter prestado alguma intermediação de negócios. A Engevix, por exemplo, pagou R$ 1,1 milhão ao consultor, mas nenhum negócio foi fechado, conforme depoimento do dono da empresa Gérson Almada.
Moro destacou que muitos pagamentos aconteceram após a condenação de Dirceu no processo do mensalão, em dezembro de 2012, e até depois de sua prisão. Para Moro, “não é crível” que, após ser condenado e preso por corrupção, o ex-ministro fosse procurado para prestar consultoria e intermediação de negócios. “Enquanto os eminentes ministros discutiam e definiam, com todas as garantias da ampla defesa, a responsabilidade de José Dirceu pelos crimes, alguns deles, aliás, sendo alvo de severa crítica pública por associados ao ex-ministro da Casa Civil, o próprio acusado persistia recebendo vantagem indevida decorrente de outros esquemas criminosos, desta feita no âmbito de contratos da Petrobras.”
A defesa de Dirceu contesta o argumento da PF. Afirma que foram feitas viagens ao exterior para prospectar negócios, fato confirmado por Almada. E diz que, ao contrário do que informou Milton Pascowith, nenhum trabalho tinha relação com a Petrobras.