A Executiva Nacional do PT divulgou nesta tarde uma resolução em que não menciona o ex-ministro José Dirceu, preso nessa segunda-feira, na 17ª fase da Operação Lava-Jato. Em nenhum momento do documento há uma defesa enfática do petista. "O PT assumiu a defesa de todas as pessoas que estão sendo criminalizadas antes do julgamento", justificou o secretário de Comunicação, José Américo Dias.
O partido condena a violação da presunção de inocência, o "espetáculo jurídico-político-midiático" e a definição de delação premiada como "prova cabal" contra os acusados. "Se as prisões preventivas sem fundamento são feitas e prolongadas para constranger psicologicamente e induzir denúncias, tudo isso que se passa às vistas da cidadania, não é a corrupção que está sendo extirpada. É um estado de exceção sendo gestado em afronta à Constituição e à democracia", aponta a Executiva.
O PT menciona o ataque ao Instituto Lula e critica a "conivência silenciosa de certos meios de comunicação e partidos" com o atentado "de caráter fascista". Na avaliação dos dirigentes, há um clima de intolerância e ódio que agrava os problemas que o país vem vivendo.
Outro ponto destacado no documento é a necessidade de reorientação da política econômica. Apesar de elogiar a redução da meta do superávit primário e o programa de proteção ao emprego, os petistas consideram que é preciso reverter a política de juros, baixar as taxas para o crédito consignado e defende a taxação de grandes fortunas.
Apesar de haver vozes na reunião que pregaram a defesa pública de Dirceu, acabou-se chegando a um acordo para que o nome do ex-ministro não fosse destacado no documento. Após a reunião da Executiva, o secretário de comunicação disse estar convencido de que Dirceu prestou consultoria e que tem todas as condições de provar seu trabalho. "A JD era um trabalho profissional. Não se pode criminalizar a consultoria", declarou.
Nesta tarde, em entrevista coletiva, o presidente nacional da sigla, Rui Falcão, adotou um tom protocolar sobre a prisão de Dirceu. Questionado todo tempo sobre o episódio, Falcão defendeu que o ônus da prova é de quem acusa e que cabia ao petista preso fazer o contraditório.
"Pra mim, qualquer pessoa que seja acusada é inocente até que provem o contrário", declarou. "Dirceu e todos os acusados são inocentes, não são réus, até que se prove o contrário", emendou.