Brasília – Com uma votação maior do que a obtida há dois anos e em uma sinalização clara de apoio da classe à Operação Lava-Jato, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, foi eleito nessa quarta-feira (5) pelos seus pares para encabeçar a lista tríplice que definirá quem estará à frente da Procuradoria-Geral da República (PGR) pelo próximo biênio. Com 799 votos de membros do Ministério Público Federal (MPF), ele deve ser indicado nas próximas semanas pela presidente Dilma Rousseff (PT) para permanecer no cargo e ter o nome submetido a sabatina no Senado Federal – embora não haja obrigação de optar pelo mais votado, essa tem sido a tradição do Palácio do Planalto.
Na consulta feita pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), entraram ainda na lista tríplice os subprocuradores-gerais Mário Bonsaglia, com 462 votos, e Raquel Dodge, com 402. Ficou de fora o candidato de oposição a Janot, subprocurador Carlos Frederico Santos, com 217 votos. Em 2013, na primeira vez que foi indicado por Dilma, Janot havia obtido 511 votos. Na atual campanha, a continuidade do combate à corrupção foi colocada como bandeira de Janot para um segundo mandato. Dos 1.244 associados aptos a votar, compareceram 983, 79%, um recorde histórico.
O resultado já era esperado. Atual carrasco do Palácio do Planalto e de vários parlamentares, Rodrigo Janot conduz as investigações de corrupção na Petrobras, na chamada Operação Lava-Jato envolvendo políticos com foro privilegiado. Ainda em meio a seu processo de provável recondução ao cargo, ele deve oferecer em breve denúncia no Supremo Tribunal Federal (STF) contra vários políticos apontados como participantes do sistema de pagamento de propinas na estatal.
Rodrigo Janot enfrentará menos resistências à sua recondução para o posto do que desenhava o cenário detectado no fim do primeiro semestre, especialmente na semana em que a Polícia Federal cumpriu mandatos de busca e apreensão nas residências dos senadores Fernando Collor de Mello (PTB-AL), Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) e Ciro Nogueira (PP-PI).
O primeiro indicador favorável a Janot surgiu nessa quarta-feira, quando o plenário do Senado aprovou a indicação do procurador Fábio George Cruz da Nóbrega para o Conselho Nacional do Ministério Público (CNPM). Indicado por Janot, ele sofreu campanha contrária ostensiva de Collor.
O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima(PB), garantiu que as oposições aprovarão a recondução Janot ao cargo. “Se o Senado tentar emparedar Janot, as ruas vão emparedar o Senado”, previu..