O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou nesta quinta-feira, que o governo Dilma Rousseff precisa parar e reconstruir sua base aliada, ao invés de somente fazer apelos. Ontem, o vice-presidente Michel Temer pediu união em prol do Brasil, "acima de partidos".
A declaração de Temer foi uma demonstração de preocupação com a situação da economia e com a possibilidade de o Congresso aprovar novos aumentos de gastos à União. O apelo não surtiu efeito e, sem apoio da base, o governo foi derrotado, permitindo a aprovação em primeiro turno da proposta que aumenta salários na Advocacia-Geral da União e outras carreiras. O impacto é de R$ 2,45 bilhões ao ano aos cofres federais.
Cunha afirmou que tentou construir um acordo para adiar a votação, sem ter sucesso. "Eu sou frontalmente contrário a se fazer o que se chama de pauta-bomba", afirmou. Para ele, quanto mais o governo fala sobre suas ações, mais apoio perde. Por isso, avalia que seria necessário uma reformulação das estratégias de comunicação. "A presidente deveria ter um posicionamento de recomeçar o processo do segundo mandato. Mostrar para a sociedade qual é o seu plano", disse.
Contas
Sobre a aprovação nesta quinta-feira das contas de governos de ex-presidentes, que abre caminho para a votação das contas de Dilma, Cunha disse que não fez uma ação direcionada ao julgamento da presidente. "Eu havia declarado que ia colocar essas contas para votar muito antes de eu ter declarado a mudança do meu alinhamento político. Nós seguimos o rito daquilo que não se fazia há 15 anos", afirmou.
O presidente disse ainda que o PT não foi excluído de CPIs abertas nesta semana. Segundo ele, o partido está participando de acordo com sua representatividade. Cunha explicou que as contas para as escolhas de postos nas comissões são feitas pelo tamanho dos blocos, e não dos partidos. "O bloco do PMDB é maior que o do PT, onde também está o PR e o PSD", afirmou. "É um problema de o PT se entender com o bloco dele".