Brasília – Em depoimento prestado na quarta-feira (5) na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, Júlio Cesar dos Santos, um dos presos na 17ª fase da Operação Lava-Jato, afirmou que comprou a casa onde mora a mãe do ex-ministro José Dirceu, Olga Guedes da Silva, de 94 anos. A residência, registrada no nome de Júlio, está localizada em Passa Quatro, Sul de Minas Gerais. A Polícia Federal confirmou a informação. O delegado Márcio Adriano Anselmo declarou que se trata de uma estratégia do ex-ministro para ocultar patrimônio.
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Ele detalhou a estratégia. “O Júlio foi usado para a ocultação de patrimônio. São dois terrenos juntos. Tem a casa, que está em nome dele, e uma outra que foi comprada pelo Júlio. E tinha um contrato de gaveta ali”, disse. Em depoimento, o ex-sócio minoritário de Dirceu afirma que adquiriu o imóvel porque era amigo do ex-ministro.
Em delação premiada, outro preso na Operação Lava-Jato, Milton Pascowitch, informou que uma propina de R$ 1,3 milhão foi utilizada para pagar reforma na casa do ex-ministro, em condomínio de luxo, no município de Vinhedo, interior de São Paulo.
O lobista afirmou também que contratou a Construtora Halembeck Engenharia para reformar o imóvel do irmão de Dirceu. O serviço, em um apartamento na Rua Estado de Israel, na Vila Mariana, Zona Sul de São Paulo, custou entre R$ 1 milhão e R$ 1,2 milhão. Também foram relatados por ele pagamentos para fretar um jatinho utilizado pelo petista. A reportagem tentou entrar em contato com o advogado do ex-ministro, Roberto Podval, várias vezes, no entanto, ele não havia retornado as ligações até o fechamento desta edição.
Prisão de almirante
O juiz federal Sérgio Moro decretou nessa quinta-feira (6) a prisão preventiva do almirante Othon Luiz Pinheiro (na foto, de boné), presidente licenciado da Eletronuclear, e do executivo da Andrade Gutierrez Flávio Barra (de terno). Os dois estão detidos desde 28 de julho em regime de prisão temporária e são suspeitos de envolvimento em fraudes em contratos da estatal na usina de Angra 3. O juiz havia dado prazo para que a defesa do militar apresentasse provas de serviços prestados pela Aratec, empresa da família de Othon que recebeu mais de R$ 6 milhões suspeitos de ser propina de empreiteiras. A defesa do militar disse que a filha dele, Ana Cristina, prestava serviços de tradução e que o genro fazia trabalhos de engenharia.