Brasília - Pressionada por partidos da base aliada e com a nova queda de popularidade detectada em pesquisas de opinião, a presidente Dilma Rousseff começou nessa quinta-feira, 6, negociações para uma reforma ministerial. Depois da derrota sofrida na madrugada, quando a Câmara desafiou novamente o Palácio do Planalto e aprovou a proposta de reajuste nos salários de advogados públicos e de outras carreiras, Dilma decidiu reforçar a articulação política do governo.
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Câmara está pronta para votar pedaladas fiscais de DilmaCunha arquiva quatro pedidos de impeachment contra presidente DilmaDilma precisa reconstruir base aliada, diz CunhaSerra diz que situação de Dilma é pior que a de Jango antes da derrubadaDilma recebe lista com candidatos ao cargo de procurador-geral da RepúblicaÉ cedo para torcer por processo de retirada da presidente, diz secretário de SPÉ preciso alguma reação por parte do governo Dilma, diz Baleia Rossi'Nem governo nem oposição têm a saída', afirma sociólogo sobre crise políticaO presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), se reuniu com Dilma na noite de quinta-feira, no Planalto. Com as ameaças de impeachment no cenário político, Dilma ficou apreensiva ao saber que Renan participou de jantar com políticos do PMDB e do PSDB na casa do senador tucano Tasso Jereissati (CE), na terça-feira.
Desde que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), rompeu com o governo, a vida da presidente virou um inferno. Agora, ela depende de Renan para barrar, no Senado, um possível processo pedindo o seu afastamento do cargo.
A expectativa de ministros é de que a ala do PMDB no Senado ganhe mais peso na equipe. A aliados, Renan diz que não basta uma reforma ministerial e prega uma "refundação" do governo para zerar o jogo. O discurso do presidente do Senado - que, a exemplo de Cunha, está sendo investigado na Operação Lava Jato - vai na linha de que Dilma precisa fazer um mea-culpa, cortar cargos, revisar contratos, anunciar medidas para aquecer economia e mudar o relacionamento com a base, se quiser se salvar.
Cargos
O PMDB tem hoje sete ministérios, mas uma fatia do partido diz que aceita abrir mão de cargos na reforma desde que o PT faça o mesmo. A Casa Civil está produzindo um estudo de reforma administrativa, para reduzir o número de ministérios - hoje são 39.
Dilma passou o dia em reuniões com ministros. Distribuiu broncas e mostrou preocupação com o agravamento da crise, vocalizada de forma contundente, na véspera, por Temer. Aos ministros mais próximos do PT, ela pediu ajuda e afirmou que todos "lavaram as mãos" depois que o vice assumiu a articulação política.
Mais cedo, Dilma conversou com Temer. Ela não gostou da entrevista do vice no dia anterior - ele afirmou que o Brasil precisa que alguém "tenha a capacidade de reunificar a todos". Na manhã de quinta-feira, o vice fez questão de destacar que Dilma promoveu "um trabalho excepcional". Apesar do discurso otimista ao público externo, o governo avalia que a crise vai piorar, pois está convencido de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, oferecerá denúncia contra Cunha no Supremo..